Moscou, 6 dez (EFE).- O presidente russo, Dmitri Medvedev, rejeitou nesta terça-feira as críticas ocidentais ao sistema político russo, em referência às declarações da secretária de Estado americana, Hillary Clinton, sobre a fraude nas eleições parlamentares russas de domingo.
‘Se eles acompanham as eleições e as irregularidades é uma coisa, mas o aspecto do sistema político é outra. Só falta que nos digam como devemos redigir a Constituição’, afirmou Medvedev, citado pelas agências russas.
Medvedev fez estas declarações ao se reunir com o presidente da Comissão Eleitoral Central da Rússia, Vladimir Chúrov, que lhe informou sobre a apuração de 99,99% dos votos emitidos no domingo.
‘Se temos partidos políticos suficientes ou não, é competência das autoridades russas e não das organizações internacionais’, disse.
Durante a reunião ministerial da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) em Vilnius, capital lituana, Clinton afirmou que as eleições legislativas russas não foram ‘nem livres nem justas’.
Clinton lembrou os dados da missão eleitoral da OSCE. Os observadores da missão constataram irregularidades nas urnas e denunciaram que várias páginas na internet associadas à oposição foram atacadas.
‘Os eleitores russos merecem uma investigação exaustiva da fraude e da manipulação eleitoral’, ressaltou a chefe da diplomacia americana.
Sobre as denúncias de fraude, Medvedev diminuiu o valor das milhares de acusações recolhidas durante a votação por diferentes páginas russas na internet.
‘Em alguns casos, os vídeos também podem ser uma prova adicional para estudar algumas denúncias, mas não podem ser tomados como provas absolutamente evidentes’, disse.
O líder russo, que liderou as listas eleitorais do partido governista Rússia Unida (RU), acrescentou: ‘Por curiosidade, vi cinco desses vídeos e é absolutamente incompreensível o que acontece, embora sejam acompanhados com gritos e comentários inequívocos’.
‘Tirar conclusões sobre a limpeza ou não das eleições com base nessas provas não é justo’, afirmou. Na sua opinião, no melhor dos casos os vídeos serão ‘material de estudo’ e ‘no pior dos casos, são provocações’.
Já Chúrov informou ao presidente russo que com 99,99% dos votos apurados, o RU conseguiu 49,3% dos votos (32,3 milhões de eleitores, ou 238 cadeiras), ou seja, a maioria absoluta na Duma, a Câmara baixa do Parlamento russo.
Os comunistas seriam a segunda força mais votada com 19,2% (92 cadeiras), quase o dobro do resultado obtido há quatro anos, seguidos pelos social-democratas da Rússia Justa, 13,25% (64), e pelos ultranacionalistas do Partido Liberal Democrático, 12% (56).
Centenas de pessoas foram detidas na noite de segunda-feira em Moscou em um ato de protesto organizado pela oposição contra a fraude eleitoral.
Entre as denúncias de irregularidades se destacam a introdução em massa de cédulas e o transporte em ônibus de dezenas de pessoas a diferentes colégios para que votem repetidamente no partido governante. EFE