Madri, 12 dez (EFE).- Um médico americano declarou nesta segunda-feira no tribunal espanhol que investiga o suposto genocídio praticado pelo governo chinês no Tibete nas décadas de 1980 e 1990 que presenciou abortos e esterilizações forçadas em vários locais dessa região autônoma.
William Blake Kerr compareceu nesta segunda-feira diante do juiz da Audiência Nacional, Ismael Moreno, para relatar as ‘aberrações’ das quais foi testemunha quando fazia uma viagem de turismo no Tibete, em 1987, e em outras três ocasiões – em 1991, 1993 e 1999 – nas quais voltou à região.
O médico disse à Agência Efe que em 1987 presenciou 12 mortes e agressões em confrontos entre as forças de segurança chinesas e ‘manifestantes pacíficos e transeuntes’ em Lhasa (capital do Tibete).
‘Um adolescente de 16 anos levou um tiro no rosto’, acrescentou Blake Kerr, que informou também que conheceu mulheres que tinham sofrido abortos e esterilizações ‘forçadas’.
Segundo a testemunha, durante os três anos seguintes, viajou por vários campos de refugiados no Nepal, onde teve ‘evidências diretas’ de que mulheres e crianças tinham sido torturadas no Tibete.
Por isso, o médico retornou a essa região para obter provas e conseguir material que provasse as torturas e as práticas do governo chinês para controlar a natalidade no Tibete.
‘Nos três anos em que voltei, gravei com uma câmera escondida a situação das mulheres em prisões e hospitais’, disse Blake Kerr, cujas provas serão apresentadas ao juiz assim que os advogados do Comitê de Apoio ao Tibete (CAT), que faz a acusação, elaborarem uma lista com todos os depoimentos e documentos coletados pelo médico.
A queixa que deu origem a esta causa, e que foi feita contra sete dirigentes chineses, entre eles o ex-presidente, Jiang Zemin, foi admitida em janeiro de 2006. EFE