Marcel Gascón.
Bucareste, 19 jan (EFE).- As manifestações na Romênia, que há uma semana exigem a renúncia do Governo de centro-direita, atingiram nesta quinta-feira seu ponto máximo depois que os partidos de oposição reuniram cerca de sete mil filiados e simpatizantes na capital para apoiar os protestos.
‘Não sei em quem votarão, mas estamos ao seu lado’, disse um dos líderes da coalizão opositora União Social-Liberal (USL), o liberal Crina Antonescu, em referência aos manifestantes espontâneos que se reuniram hoje na praça da Universidade.
A adesão da oposição aos protestos que desde sexta-feira passada rejeitam as duras políticas de austeridade do Governo e pedem eleições antecipadas aumenta a pressão sobre o primeiro-ministro, Emil Boc, que se nega a renunciar.
Ao término da manifestação de hoje, alguns grupos cortaram o tráfego para protestar na frente da sede do Governo, segundo a Agência Efe pôde presenciar no local.
O porta-voz da Polícia, Florin Hulea, advertiu em declarações à imprensa sobre a ilegalidade destes cortes e lembrou que os organizadores da concentração opositora são responsáveis pelos incidentes.
Além das duras políticas de austeridade, os manifestantes pedem a saída do presidente do país, Traian Basescu, e de seu Governo, também pela queda do nível de vida e por uma gestão autoritária e corrupta.
Centenas de policiais vigiaram os protestos com estritas medidas de segurança, depois que confrontos entre manifestantes e agentes deixaram 70 feridos e mais de 200 detidos no final de semana passado.
Nesta quinta, cinco pessoas com armas brancas e coquetéis molotov foram detidas, informou o canal de televisão ‘Realitatea’.
As manifestações começaram em apoio do funcionário do Ministério da Saúde, Raed Arafat, que havia renunciado por discordar da reforma sanitária proposta pelo Governo.
A falta de apoio popular obrigou o Governo a retirar o projeto de reforma, que previa a privatização parcial de alguns serviços do sistema de saúde público.
O Governo e o presidente pediram que Arafat voltasse ao cargo e ele aceitou, mas nem isso amenizou o mal-estar da população nas ruas.
A iniciativa de diálogo social empreendida pelo Governo com a sociedade civil, os partidos políticos e a oposição também não conseguiu acalmar os ânimos dos manifestantes, que não aceitam nada que não seja a renúncia de Basescu e Boc.
Os deputados romenos debaterão na segunda-feira e na terça-feira próximos a situação em uma sessão extraordinária do Parlamento. EFE