Manifestantes agora se voltam contra vice Omar Suleiman
Jovens que iniciaram protestos denunciam que o regime prendeu ativistas, ao contrário das declarações dele, que prometeu não perseguir os participantes
A revolta dos manifestantes que tomam as ruas do Egito pelo 17º dia consecutivo de protestos contra o presidente Hosni Mubarak, agora se volta contra seu vice, Omar Suleiman – que até então estava conseguir se manter imune às manifestações. O Movimento 6 de Abril, que começou a onda de reivindicação popular, exigiu nesta quinta-feira a renúncia dos dois em nome de ativistas egípcios presos pelo regime mesmo depois de Suleiman garantir que não perseguiria os opositores.
Em comunicado postado em seu site, o grupo rejeitou o plano proposto na última terça-feira para introduzir reformas constitucionais e exigiu sua saída imediata do cargo. Os jovens do Movimento 6 de Abril também condenaram o tratamento “inaceitável” dado aos manifestantes por parte dos serviços secretos. Em nota, eles afirmam ainda que “o estilo dos serviços secretos impresso por Omar Suleiman (ex-chefe dos serviços de inteligência) em seu tratamento com os manifestantes na praça de Tahrir é inaceitável”.
Diálogo – Quanto ao diálogo com a oposição, os manifestantes asseguraram que “não rendeu nenhum fruto” e que dele participam apenas “partidos fabricados e personalidades das quais não se conhece nada para falar em nome dos jovens manifestantes em uma tentativa de enganar o povo egípcio”. Além disso, declararam também que essa é apenas uma maneira de manter no poder as mesmas pessoas do regime.
Por outro lado, o grupo assegurou que é “uma mentira que as Forças Armadas não permitem a saída do presidente”, já que, em sua opinião, “a maioria rejeita Mubarak e o alto comando do Exército”. Ainda segundo a nota, esta rejeição foi notada na rua “com o apoio de vários militares na proteção dos manifestantes”.
EUA – O regime de Mubarak, encurralado por protestos que nesta quinta-feira não deram mostras de perder a força, falou sobre uma ameaça de golpe de estado e acusou o que chamou de “ingerência dos Estados Unidos”, seu principal aliado que pede aceleração das reformas no país árabe. Um pouco antes, porém, o governo do ditador ganhou força, com a afirmação da Arábia Saudita de que está disposta a apoiá-lo caso perca o respaldo americano.
O porta-voz da Casa Branca, Robert Gibbs, criticou a timidez das reformas feitas pelo governo egípcio para aplacar o clamor popular. “Está claro que o que o governo promoveu até o momento não alcançou o limite mínino para o povo egípcio”, afirmou. O ministro das Relações Exteriores, Ahmed Abul Gheit, replicou: “Quando vocês falam de mudanças rápidas e imediatas em um grande país como o Egito, com quem sempre mantiveram as melhores relações, vocês impõem a ele sua vontade”.
(Com agência France-Presse)