Manifestações sobre queima do Corão já somam três mortos
Nas ruas do Afeganistão, manifestantes gritando "morte à América" e "morte aos cristãos" enfrentaram-se com forças de segurança em Logar
Protestos violentos continuam pelo terceiro dia consecutivo nas ruas do Afeganistão, mesmo após o pastor americano Terry Jones ter desistido dos planos de queimar cópias do Corão. Houve, contudo, três outros casos de sacrilégio contra o livro sagrado muçulmano. Dois manifestantes foram mortos a tiros na província de Logar, ao sul do Afeganistão, aumentando para três o número de mortos nas manifestações que acontecem desde sexta-feira.
Os planos do pastor Jones de queimar cópias do Corão, um insulto grave aos muçulmanos que acreditam que ele é a palavra literal de Deus, lançou uma nuvem sobre as preparações das cerimônias do nono aniversário dos ataques terroristas liderados pela Al-Qaeda de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos. O debate ganhou força nos Estados Unidos com as propostas de construção de um centro cultural islâmico e um mosteiro perto do local onde ficavam as torres gêmeas do World Trade Center, em Nova York. Centenas de pessoas a favor e contra a construção do centro cultural se reuniram em Nova York para manifestações pacíficas horas depois das cerimônias de memória dos ataques 11 de setembro de 2001, quando mais de 3 mil pessoas morreram.
Rumores das intenções do pastor americano de queimar o Alcorão já causaram furor no Afeganistão e em outras partes do mundo islâmico. O presidente Barack Obama disse que isso poderia causar muitos problemas a americanos no exterior e colocar a vida dos soldados em risco, além de criar a possibilidade de ataques aos EUA e à Europa. No Afeganistão, manifestantes gritando “morte à América” e “morte aos cristãos” enfrentaram-se com forças de segurança em Logar.
Sete manifestantes ficaram feridos, um gravemente, quando forças de segurança afegãs abriram fogo para dispersar centenas de manifestantes que marchavam em direção a Pul-e-Lam, capital da província de Logar, disseram autoridades. De acordo com Mohammad Rahim Amin, chefe do distrito de Baraki Barak, a oeste de Pul-e-Lam, dois dos feridos morreram mais tarde no hospital. Quatro manifestantes ficaram feridos no sábado, um dia depois que uma pessoa foi morta a tiros quando uma multidão raivosa atacou uma base das forças internacionais em Faizabad, no nordeste da província de Badakhshan. Houve várias manifestações similares no país todo.
Eleições – Apesar do pastor Terry Jones ter abandonado seu plano, houve ao menos dois incidentes de sacrilégio contra o Alcorão no sul de Manhattan em Nova York no sábado. E dois pastores evangélicos no Tennessee, no sul dos EUA, queimaram cópias do Corão. Na quinta-feira, um diplomata da Organização das Nações Unidas (ONU) disse que os protestos ameaçavam atrasar as eleições parlamentares afegãs de 18 de setembro. A segurança durante as eleições já era um problema antes, com mais de mil das 6.835 urnas ainda fechadas por causa disso e é vista como um teste da estabilidade no país antes que Obama realize uma avaliação da guerra, que se torna cada vez menos popular nos EUA.
(Com agência Reuters)