Mais um candidato desiste da corrida presidencial no Irã
Com o apoio de dois ex-presidentes, Hassan Rohani torna-se o único nome do movimento que se proclama reformista
Mais um candidato abandonou a disputa presidencial no Irã às vésperas do pleito, marcado para sexta-feira. Nesta terça, Mohammad Reza Aref anunciou sua desistência, deixando Hassan Rohani como único nome do campo que se proclama reformista. “Em carta, Mohammed Khatami, chefe do movimento reformista, afirma que minha permanência na disputa à Presidência não é interessante. Desse modo, decidi abandonar a disputa”, disse Aref em comunicado. Pouco depois, o ex-presidente Khatami, que ocupou a Presidência até 2005, divulgou um comunicado: “Peço a todos, especialmente àqueles que querem a grandeza de nossa nação, a participar da eleição e votar em Rohani”.
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Aref é o segundo deixar a candidatura nesta semana. Na segunda-feira, Gholam Ali Hadad Adel, aliado do grão-aiatolá Ali Khamenei, desistiu da sucessão para facilitar a eleição de um candidato da ala conservadora. Com as desistências, restam apenas seis na disputa. O Conselho dos Guardiães, que supervisiona a vida política do Irã, admitiu apenas oito das quase 700 candidaturas apresentadas, transformando o pleito no mais restrito da história da república islâmica desde sua implantação, em 1979.
Khatami juntou forças com outro ex-presidente Akbar Hashemi Rafsanjani para apoiar Rohani e tentar manter viva a voz dos reformistas, apesar das chances pequenas de o candidato avançar ao segundo turno, no dia 21 de junho. A candidatura de Rafsanjani foi vetada pelo Conselho dos Guardiães. Nas eleições de 2009, os dois apoiaram Mir Hossein Mousavi, derrotado na fraudulenta reeleição de Mahmoud Ahmadinejad. Os protestos depois do pleito terminaram com dezenas de mortos.
Rohani defende uma política de negociações com as potências do Grupo 5+1 (Estados Unidos, Rússia, China, França, Grã-Bretanha e Alemanha) para resolver o impasse sobre o programa nuclear iraniano. Sob a presidência de Khatami, o agora candidato foi responsável pelas negociações com países ocidentais, o que agora está sendo usado como munição por seus adversários. O ultraconservador Saeed Jalili, atual negociador-chefe, criticou o mandato de Rohani, alegando que ele cedeu sem receber nada em contrapartida.