Mais de 613.000 pessoas estão em abrigos da ONU em Gaza, segundo agência
ONU alertou nesta quarta-feira que operações humanitárias podem ser encerradas até final do dia se nenhum combustível for entregue ao território
O número de pessoas deslocadas internamente que estão se abrigando em instalações das Nações Unidas em Gaza ultrapassou 613.000, de acordo com um relatório publicado nesta quarta-feira, 25, pela agência da ONU para a região.
“O número médio de deslocados internos por abrigo atingiu 2,7 vezes a capacidade, com alguns abrigos atingindo 12 vezes a ocupação pretendida”, afirmou a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente (UNRWA).
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Ainda segundo a agência, ao menos 38 funcionários da UNRWA morreram em Gaza e outros 20 ficaram feridos, alguns em estado crítico, desde 7 de outubro, quando o grupo militante palestino Hamas lançou um ataque contra Israel, desencadeando um conflito em larga escala.
O número de pessoas mortas em Gaza ultrapassou as 5.000, de acordo com os últimos relatórios de autoridades palestinas, num contexto de intensificação dos ataques aéreos israelenses. De acordo com fontes oficiais israelenses citadas pela ONU, cerca de 1.400 pessoas foram mortas em Israel, a grande maioria nos ataques do Hamas em 7 de outubro.
O número de vítimas fatais relatado é “mais de três vezes o número cumulativo de israelenses mortos” desde que começou a registrar vítimas em 2005.
Ao menos 212 cidadãos israelenses e estrangeiros estão mantidos em cativeiro em Gaza, disseram as autoridades israelenses. Dois reféns foram libertados na última sexta-feira.
Além da superlotação em abrigos e instalações, a agência da ONU também alertou nesta quarta-feira que suas operações humanitárias em Gaza podem ser encerradas até o final do dia se nenhum combustível for entregue ao território.
O combustível é necessário para o funcionamento dos hospitais, para bombear e dessalinizar água – um dos únicos meios na região para que ela fique potável – e para manter padarias funcionando. Segundo a UNRWA, os suprimentos estão à beira do esgotamento, e a crise humanitária está piorando.
Israel impediu que novas entregas de combustível cheguem a Gaza, porque acusa o Hamas de interceptar os insumos para uso próprio. Herzi Halevi, chefe do Estado-Maior das Forças de Defesa de Israel (FDI), havia afirmado anteriormente que o governo permitiria a entrada de combustível no território palestino, mas “não permitiria” que os terroristas se aproveitem disso.
A UNRWA afirmou que apenas oito dos 20 caminhões de ajuda humanitária que deveriam entrar em Gaza pela passagem de Rafah, na fronteira com o Egito, fizeram a travessia na passaram na terça-feira 24, sem aparente explicação. A ONG Crescente Vermelho Palestino disse que cinco dos veículos carregavam água, dois continham alimentos e um, remédios.
Segundo as Nações Unidas, Gaza normalmente recebe 455 caminhões de ajuda por dia. Mas desde 21 de outubro, quando as entregas foram retomadas pela fronteira egípcia (as fronteiras de Israel com o enclave continuam fechadas), foram apenas 62 caminhões, o que representa cerca de 1% do que costumava entrar no território diariamente.