Mais de 100 advogados e ativistas de direitos humanos são presos na China
Os profissionais foram detidos em uma das maiores operações de repressão já organizada pelo governo chinês
Pelo menos 106 advogados e ativistas de direitos humanos foram detidos ou interrogados pela polícia chinesa e denunciados como uma “quadrilha criminosa”. Outras 17 pessoas estão desaparecidas, entre elas o conhecido advogado Li Heping, defensor de ativistas dos direitos humanos, e pelo menos três escritórios de advocacia foram vasculhados pela polícia. Pela quantidade de prisões, ativistas temem que esteja em curso uma das mais agressivas operações de repressão contra grupos de direitos humanos.
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A ofensiva começou no dia 9 de julho, com a detenção de Wang Yu, uma advogada da firma Fengrui que já lidou com uma série de casos de direitos humanos. Antes de ser presa, Yu enviou uma mensagem de texto aos seus amigos dizendo que sua conexão com a internet e eletricidade haviam sido cortadas e que estavam tentando arrombar sua casa. Entre os clientes da advogada estão praticantes da seita religiosa Falun Gong, proibida na China.
O diretor da Fengrui, Zhou Shifeng, também foi detido. Ele já representou o jornalista chinês Zhang Miao, que trabalhava para a uma revista alemã cobrindo os protestos pró-democracia em Hong Kong e passou nove meses na prisão, até ser liberado na semana passada.
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Artigos publicados pela imprensa estatal denunciam os advogados da Fengrui e alegam que eles organizaram protestos pagos de forma ilegal e divulgaram rumores na internet para influenciar decisões nos tribunais chineses. Em um longo artigo no jornal People’s Daily, um porta-voz do partido comunista acusa advogados e ativistas de sensacionalismo ao transformar assuntos comuns em “questões sensíveis, em questões políticas”.
Para Maya Wang, pesquisadora da organização internacional Human Rights Watch, esse tipo de acusação da imprensa estatal é bastante incomum e, nesse caso, o próprio ativismo está sendo usado para justificar as detenções. O ativismo “foi basicamente considerado ilegal pelo governo chinês”, ela disse ao jornal inglês The Guardian.
(Da redação)