Macron torna cargo de primeira-dama oficial e é alvo de críticas
Presidente francês defendeu o fim do nepotismo durante a campanha e agora enfrenta acusações de hipocrisia
O presidente da França, Emmanuel Macron, foi criticado por tornar oficial o cargo de primeira-dama. De acordo com a Constituição francesa, o cônjuge do governante não goza de papel oficial, embora tenha direito a um escritório e conselheiros. Com a regularização do cargo, a esposa de Macron, Brigitte, passa a ter também acesso a fundos públicos.
Apesar de durante sua campanha Macron ter declarado que tornaria oficial o status de primeira-dama, o político garantiu na época que, independente do papel que sua esposa assumisse, ela não seria paga com verba pública. Além disso, como o fim do nepotismo foi também uma de suas promessas, agora enfrenta acusações de hipocrisia. Uma petição com cerca de 200 mil assinaturas foi lançada contra a decisão.
“Brigitte Macron atualmente tem uma equipe de dois ou três assessores, bem como dois secretários e dois agentes de segurança. Isso é o suficiente. Não há nenhuma razão para que a esposa do chefe de Estado obtenha um orçamento dos fundos públicos”, diz a petição em Change.org lançada por Thierry Paul Valette, que se apresenta como artista, pintor, autor e cidadão engajado.
Proibição de Nepotismo
A polêmica ocorre no momento em que Macron se prepara para aprovar uma lei que proíbe os parlamentares de empregar familiares. Se o projeto for aprovado, qualquer pessoa condenada por nepotismo pode enfrentar multas e até mesmo ser presa.
Alguns legisladores se manifestaram sobre as posições aparentemente contraditórias de Macron. O deputado Ugo Bernalicis, da coalização de extrema esquerda, do partido La France Insoumise, publicou em seu Twitter. “Contra o emprego familiar, mas apoia um status oficial para Brigite Macron, que não foi eleita por ninguém”.
O membro da Assembleia Nacional da França, Thierry Mariani, também disse em seu Twitter que o presidente segue o lema “faça o que eu digo, não faça o que eu faço”.
Popularidade
A discussão afeta ainda mais a popularidade de Macron, em baixa nas últimas semanas. De acordo com uma série de pesquisas, o presidente teve a maior queda de popularidade dos últimos 22 anos para os três primeiros meses de governo.
No mês passado, o general Pierre de Villiers, chefe do Estado-Maior do Exército, se queixou dos cortes orçamentários promovidos na área da Defesa e renunciou ao cargo.
(Com agência AFP)