Macron ‘tem o direito’ de ser contra o acordo UE-Mercosul, diz Lula
Petista ressaltou que negociação se dá entre os blocos e não entre países e disse que se o colega 'tiver que brigar com alguém, não é com o Brasil'
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva comentou nesta quinta-feira, 28, a posição contrária do presidente da França, Emmanuel Macron, ao acordo entre União Europeia e Mercosul. Lula recebeu Macron no Palácio do Planalto, no último dia da visita de Estado do líder francês ao Brasil, para uma reunião bilateral. Em declaração depois do encontro, o petista ponderou que a negociação é feita por blocos de países, mas que é “direito” de Macron ter discordância.
“O Brasil não está negociando com a França. O Mercosul está negociando com a União Europeia. Não é um acordo bilateral entre Brasil e França, é um acordo comercial de dois conjuntos de países. De um lado, a União Europeia, com os seus países. Do outro lado, o Mercosul. Obviamente que, depois da decisão da União Europeia [de aprovar o acordo], se o Macron tiver que brigar com alguém, não é com o Brasil, é com a União Europeia. É com os negociadores que foram escolhidos para negociar, não é comigo. O acordo, tal como proposto agora, é muito mais promissor de assinar do que o outro. Mas, obviamente, como o Brasil tinha o direito de ser contra a outra proposta, o Emmanuel Macron tem o direito de ser contra a [nova] proposta”, afirmou Lula.
Já Emmanuel Macron, que na quarta 27 havia criticado duramente os termos do acordo, em São Paulo, voltou a se posicionar contra o avanço do tratado, que vem sendo negociado há mais de vinte anos, entre idas e vindas. Para o líder francês, o acordo não leva em consideração exigências ambientais na produção agrícola e industrial, e seria uma espécie de “marcha a ré” na luta contra a crise climática.
“Quero recordar aqui que esse texto União Europeia e Mercosul é de um acordo negociado e preparado há vinte anos atrás, e estamos só fazendo pequenas alterações. Somos loucos, continuando essa lógica e, paralelamente, fazendo grandes reuniões, como G20 e COP, falando de biodiversidade e clima, que temos que fazer isso e aquilo. Esse acordo é um freio para o que estamos fazendo para retirar o carbono das economias e lutar pela biodiversidade. Nós, europeus, temos o texto mais exigente do mundo em matéria de desmatamento e descarbonização. Pedimos a nossos agricultores e industriais para que façam transformações históricas, esforços enormes. Houve muitos descontentes que se manifestaram [na França, contra exigências ambientais]. Mas se abrirmos para produtos que não respeitam esses acordos, somos loucos, não vai funcionar”, argumentou.
(Com Agência Brasil)