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Macron chama acordo UE-Mercosul de ‘péssimo’ e pede renegociação do zero

Em visita ao Brasil, presidente da França diz preferir jogar fora o texto costurado há vinte anos, mas manda 'três mensagens' positivas ao Brasil

Por Amanda Péchy
Atualizado em 27 mar 2024, 22h30 - Publicado em 27 mar 2024, 19h13

O presidente francês, Emmanuel Macron, voltou a afirmar nesta quarta-feira, 27, que “não pode” defender o acordo entre União Europeia e Mercosul da forma como está desenhado atualmente, que ele qualificou como “péssima”. Em discurso durante o fórum econômico Brasil-França, que ocorreu na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) nesta quarta-feira, 27, o chefe do Palácio do Eliseu disse que o pacto precisa ser renegociado do zero (deixando de lado o que foi produzido nos últimos vinte anos de tratativas) e deve possuir exigências ambientais mais duras.

“O acordo tal como está agora é péssimo, porque foi negociado há vinte anos. Precisamos reconstruí-lo pensando no mundo como ele é hoje”, declarou o presidente francês. “Não defendo, não pode ser defendido, porque não leva em conta o clima como deveria. E digo isso num país que está muito empenhado na luta contra o desmatamento”, completou.

Acordo “novo”

Macron chegou à Fiesp por volta das 16h40, quase duas horas depois do previsto, onde se reuniu a portas fechadas com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o vice-presidente Geraldo Alckmin, empresários e banqueiros. Depois, fez discurso no encerramento do fórum econômico, antes de dar continuidade a atribulada agenda de compromissos em São Paulo. Ele abriu a fala agradecendo aos presentes e se desculpando pelo atraso, justificando que estava comprometido no Rio com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

“Vamos construir um novo acordo, da nova geração, que permita reciprocidade entre os mercados sul-americano e europeu, com mais exigências de todas as partes”, pediu o mandatário durante o discurso.

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Um dos motivos por trás da oposição de Macron ao acordo com o Mercosul, porém, é o poderoso lobby do agro francês, que se sente ameaçado pela abertura do mercado a produtos mais baratos vindos da América do Sul. Em relação a isso, ele afirmou “ter fé” no multilateralismo e defendeu trilhar “um caminho que nos permita ser independentes, mas isso não significa que queremos nos fechar”.

Três mensagens ao Brasil

Macron afirmou durante o discurso que queria enviar três mensagens durante sua visita:

  1. As empresas francesas acreditam no Brasil: segundo ele, o estoque do investimento direto francês por aqui cresceu 20%, e a França é o maior empregador estrangeiro em solo brasileiro, com grupos como Carrefour. “Uma sorte para nós e para vocês”, disse Macron. Para o presidente, seu país “pode e deve” confiar no Brasil, já que a nação conseguiu superar desafios como a pandemia de Covid-19, controlando a inflação e realizando uma reforma tributária, e “resistiu a agitações que as democracias do mundo às vezes sofrem” – uma referência velada ao governo de Jair Bolsonaro e subsequente ataque à Praça dos Três Poderes pelos apoiadores do ex-presidente. “O Brasil tem enorme potencial”, completou ele.
  2. As empresas brasileiras deveriam acreditar mais na França: Macron defendeu que empresas brasileiras invistam mais em seu país. Reconhecendo estar “puxando sardinha para minha brasa”, o presidente afirmou que já não há mais tanta burocracia nos negócios franceses e que seus esforços para descarbonizar a indústria e a agricultura já estavam dando frutos.
  3. França e Brasil têm uma agenda comum para combater as mudanças climáticas: alertando que a luta contra o aquecimento global não está ganha, Macron afirmou que enfrentar os problemas climáticos passa por criar regras mais claras, bem como normas internacionais, para incitar grandes investidores a reduzir emissões de carbono, de modo que haja uma reorientação de como funciona o mundo das finanças. O presidente francês disse acreditar no “tripé Brasil, França e África” como estratégia de desenvolvimento e defendeu que a preservação da biodiversidade, redução de CO2 na atmosfera, combate à pobreza e fim das desigualdades deveriam ocupar o centro das conversas políticas e diplomáticas, com prioridade total.

O chefe de Estado terminou o discurso afirmando: “Nós gostamos de vocês, temos confiança em vocês, na solidez da evolução do Brasil. Viva o Brasil, viva a França, viva a amizade entre os nossos países!”

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