Macri vira réu por espionagem a famílias de vítimas de naufrágio
Ex-presidente da Argentina é acusado de ordenar vigilância ilegal a parentes de militares que estavam em naufrágio
O ex-presidente da Argentina Mauricio Macri virou réu num processo que investiga a vigilância ilegal das famílias de 44 tripulantes que morreram no naufrágio do submarino ARA San Juan, em 2017.
De acordo com o relatório de 174 páginas divulgado por Martín Brava, juiz responsável pelo caso, Macri ordenou “ações de inteligência ilegais” para espionar as famílias das vítimas quando ocupava a presidência argentina.
O político é acusado de ordenar a “realização sistemática de tarefas de inteligência expressamente proibidas por lei” entre dezembro de 2017 e o final de 2018.
“Isso foi feito, entre outras coisas, para antecipar ao presidente os movimentos e as reclamações do coletivo de familiares”, escreveu o magistrado.
Caso seja condenado, ele pode pegar de três a dez anos de cadeia por violar a Lei Nacional de Inteligência da Argentina.
O juiz também ordenou o julgamento dos ex-diretores da Agência Federal de Inteligência (AFI) Gustavo Arribas e Silvia Majdalani, que se reportaram a Macri. Os dois também são acusados de terem feito espionagem ilegal.
A defesa de Macri alega que o processo tem motivações políticas e afirmaram que vão recorrer. Seus advogados também pediram o afastamento do juiz responsável pelo caso.
O submarino ARA San Juan desapareceu em novembro de 2017. Quando foi finalmente encontrado, um ano depois, estava a mais de 900 metros de profundidade numa área do Atlântico Sul, a cerca de 460 quilômetros da cidade de Comodoro Rivadavia .
Todos os 44 tripulantes morreram na tragédia. Segundo informações de autoridades argentinas, o submarino foi esmagado por uma falha técnica. As autoridades decidiram não tentar retirá-lo do fundo do mar.