Brasília, 10 nov (EFE).- O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, voltou a negar nesta quinta-feira envolvimento com as suspeitas de corrupção feitas contra funcionários de seu Ministério na Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara dos Deputados, em Brasília.
‘É surrealismo’, declarou Lupi na Câmara, durante a sessão em que parlamentares da oposição pediram sua saída do cargo apoiado nas denúncias que, na sua percepção, são ‘inconsistentes’, ‘anônimas’ e ‘não tem provas’.
Lupi insistiu que nenhuma das denúncias apresentadas pela revista ‘Veja’ citam diretamente seu nome, mas se referem às supostas irregularidades que teriam cometido assessores que já foram exonerados e estão sob investigação.
Na reportagem de sábado, ‘Veja’ afirmou que no Ministério do Trabalho teceu uma rede de corrupção que desviava dinheiro público para ONGs que receberam financiamento estatal por serviços jamais prestados.
O caso está nas mãos da Polícia Federal e já custou o cargo a três funcionários do Ministério de Lupi, entre os quais o coordenador-geral de Qualificação, Anderson Alexandre dos Santos, destituído depois que ‘Veja’ tornou público o assunto.
O deputado Ronaldo Caiado, do Partido Democrata (DEM), da oposição, foi um dos que pediu a ‘imediata renúncia’ de Lupi, porque, segundo ele, ‘não pode permanecer no cargo sob suspeita’.
‘Não podemos criticar um doente se há um surto de meningite’, disse Caiado, quem afirmou que no Brasil há ‘um enorme surto de corrupção e não de denúncias’.
O parlamentar referiu-se aos recentes e sucessivos escândalos que custaram os cargos de cinco ministros da presidente Dilma Rousseff, quem assumiu o poder em 1º de janeiro.
Desde então, Dilma perdeu por denúncias de corrupção o ministro-chefe da Casa Civil, dos Transportes, da Agricultura, do Turismo e dos Esportes. A outra baixa foi a do então titular da Defesa Nelson Jobim, quem renunciou por criticar o Governo.
Lupi sustentou que, assim como ele, todos foram ‘vítimas’ de uma ‘onda de denúncias’ que ‘aponta para os soldados tentando atingir o general’, em referência ao suposto objetivo político das acusações.
Durante o pronunciamento, que durou 4h, o ministro se desculpou diante dos parlamentares por ter declarado na segunda que teriam que ‘tirá-lo à bala’ do Ministério, porque não renunciaria.
Ele admitiu que suas palavras desagradaram a governante e que já apresentou suas desculpas. ‘Presidente Dilma, desculpe se fui agressivo, não foi minha intenção, eu te amo’, explicou Lupi reproduzindo o que teria dito a chefe de Estado. EFE