Lula assina acordos de cooperação com Guiné Equatorial
Presidentes "concordaram em não fazer ingerências" um no país do outro

O presidente Lula tem sido criticado por se reunir e realizar negócios com um ditador, que tomou o poder há 31 anos por meio de um golpe de Estado
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou nesta segunda-feira cinco acordos de cooperação com a Guiné Equatorial. Ele visitou o país, que é governado pelo ditador Teodoro Obiang Nguema há 31 anos, durante uma viagem de dez dias ao continente africano.
Entre os acordos assinados pelos presidentes estão a supressão da necessidade de visto para os visitantes dos dois países e um memorando sobre troca de experiências no âmbito diplomático e Consular, além da criação de uma Comissão Mista de Cooperação. Lula também destacou o apoio do Brasil ao setor agrícola da Guiné Equatorial e à candidatura do país à Comunidade de Países de Língua Portuguesa.
Obiang e Lula falaram ainda do bom estado das relações bilaterais e reafirmaram a necessidade de uma colaboração próxima na luta contra o crime organizado, o terrorismo, o tráfico de seres humanos, a pirataria, o narcotráfico, a lavagem de dinheiro e outros crimes.
“Esta primeira visita do presidente brasileiro à Guiné Equatorial permitiu ampliar nosso campo de cooperação com o Brasil, com o qual a cooperação é de vencedor para vencedor”, declarou à AFP Juan Noël Nsue Ondo, diretor-geral e assessor presidencial de política internacional da Guiné.
Economia – Em um comunicado, os presidentes culparam os “países desenvolvidos” pela turbulência financeira que desencadeou a atual crise econômica internacional.
Pela manhã, cerca de 30 empresários brasileiros que acompanham Lula reuniram-se com homens de negócios e líderes econômicos do país africano na Câmara do Comércio de Malabo, capital do país.
Imprensa – Lula deveria ter participado de uma coletiva após a sua reunião com Obiang, mas acabou cancelando a entrevista e não fez declarações à imprensa.
Os dois chefes de estado “concordaram em não fazer ingerências” um no país do outro, de acordo com o comunicado.
O presidente Lula tem sido criticado por se reunir e realizar negócios com um ditador, que tomou o poder há 31 anos por meio de um golpe de Estado. Obiang também é acusado de corrupção e violação de direitos humanos.
Mais cedo, o chanceler Celso Amorim defendeu que o Brasil amplie suas relações com a Guiné Equatorial, argumentando que “negócios são negócios”.
Agenda – Lula e sua comitiva iniciaram a viagem à África em Cabo Verde, no último sábado. Em seguida, partiram para a Guiné Equatorial, de onde embarcaram para o Quênia. As próximas paradas serão na Tanzânia, Zâmbia e África do Sul.