López Obrador adverte Trump a não fechar a fronteira México-EUA
Diariamente, 500.000 pessoas e 1,7 bilhão de dólares em mercadorias atravessam a divisa
O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, advertiu o governo dos Estados Unidos nesta quarta-feira, 3, a não fechar a fronteira com seu país. O presidente americano, Donald Trump, relançou a nova ameaça para pressionar o governo mexicano a coibir o ingresso de imigrantes da América Central empenhados em entrar em seu país.
“Não é adequado para ninguém fechar a fronteira, não é a melhor coisa a se fazer”, disse AMLO, como é chamado o presidente do México, em sua entrevista diária à imprensa.
Pela fronteira dos Estados Unidos e México transitam diariamente carregamentos que somam 1,7 bilhão de dólares e cerca de 500.000 trabalhadores, estudantes, consumidores e turistas, segundo dados da Câmara Americana de Comércio citados pelo jornal The New York Times.
Nesta quarta, pelo Twitter, Trump pediu ao Congresso americano que “se reúna imediatamente” para eliminar as “lacunas” na fronteira. Ele repetiu que os Estados Unidos estão passando por “uma emergência nacional” causada pela imigração ilegal. Por causa das caravanas de cidadãos centro-americanos concentradas na fronteira, Trump
López Obrador evitou um embate verbal com os Estados Unidos, já empenhados na construção do muro na fronteira. Disse haver “comunicação muito boa” com os Estados Unidos” e confessou que seu governo “está agindo com grande prudência e buscando respeitar a lei” migratória. “Estou satisfeito que o governo dos Estados Unidos reconheça que estamos ajudando”, afirmou.
Sobre o ritmo lento de pessoas e bens que entram na fronteira com os Estados Unidos, derivado da transferência de centenas de funcionários da fronteira para processar a chegada de migrantes, AMLO disse que “não há problemas sérios”.
Na terça-feira, Trump baixou temporariamente o tom de suas ameaças dizendo à imprensa que o México “começou a prender muitas pessoas em sua fronteira sul”. Mas, ainda assim, afirmou-se disposto a fechar a divisa para o trânsito de mercadorias e pessoas mesmo que a medida cause prejuízos econômicos. “Com certeza, haverá impacto negativo para a economia. Mas, para mim, a segurança é mais importante que o comércio”, afirmou no Salão Oval da Casa Branca.
No Senado mexicano, onde o Morena, partido de López Obrador, tem a maioria, as declarações de Trump provocaram uma rejeição em uníssono. Os senadores “repudiaram as expressões” de Trump que, no passado, “incitaram atitudes xenófobas e deram lugar a crimes de ódio contra a comunidade hispânica nos Estados Unidos”, em carta enviada a Chuck Schumer, líder da minoria democrata no Senado americano.
(Com AFP)