Livro revela cartas entre Trump e Kim que citam amizade com ‘força mágica’
'Apenas você e eu, trabalhando juntos, podemos terminar com quase 70 anos de hostilidade', escreveu o presidente americano ao ditador norte-coreano

Um novo livro sobre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, revela que o mandatário foi múltiplas vezes bajulado pelo ditador da Coreia do Norte, Kim Jong-un, durante o desenvolvimento das relações diplomáticas entre os dois países. A relação pessoal entre os dois governantes resultou em uma política de aproximação inédita para a história de ambos os países, marcada por três encontros públicos entre 2018 e 2019.
Em Rage, cujo lançamento está previsto para terça-feira, 15, o autor, o jornalista Bob Woodward, do Washington Post, afirma que pelo menos 25 cartas foram trocadas entre Trump e Kim.
Dirigindo-se a Trump como “Sua Excelência”, as cartas de Kim estão repletas de linguagem lisonjeira e de comentários pessoais, de acordo com as transcrições do livro apresentadas pela emissora americana CNN.
“Mesmo agora, não posso esquecer o momento da história quando apertei com firmeza a mão de Sua Excelência no belo e sagrado local, enquanto o mundo inteiro observava com grande interesse e esperança de reviver a honra daquele dia”, escreveu Kim no dia de Natal de 2018, em referência ao primeiro encontro público entre os dois, ocorrido em junho daquele ano em Singapura.
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Mesmo após uma segunda reunião pública, em fevereiro de 2019 no Vietnã, não progredir em nada a diplomacia entre os dois países, o ditador norte-coreano retomou em uma carta o encontro de Singapura, descrevendo-o como “um momento de glória que permanece como uma recordação preciosa”.

“Também acredito que a profunda e especial amizade entre nós funcionará como uma força mágica”, escreveu Kim em uma correspondência de junho de 2019.
Três semanas mais tarde, os dois se reuniram em um encontro planejado com pouca antecedência na Zona Desmilitarizada (DMZ), que divide a península da Coreia, na terceira e, até então, última reunião pública entre os dois líderes.
Pouco antes de reencontrá-lo na DMZ, Trump escreveu a Kim que eles compartilhavam um “estilo único e uma amizade especial”.
“Apenas você e eu, trabalhando juntos, podemos resolver os problemas entre nossos dois países e terminar com quase 70 anos de hostilidade”, escreveu Trump. “Será histórico!”, acrescentou o presidente americano na mesma carta.
Desde mesmo a reunião de Singapura, porém, os esforços para a desnuclearização da Coreia do Norte não apresentaram resultados. Comandantes dos serviços de Inteligência dos Estados Unidos advertiram que é pouco provável que Pyongyang entregue suas armas nucleares em algum momento.
Woodward, que é conhecido por sua cobertura do escândalo de Watergate, já escreveu um outro livro sobre o governo Trump, Fear, lançado em 2018.
(Com AFP)