Aleksei Navalny é um ferrenho opositor do presidente Vladimir Putin. Em 2018, o governo impediu que ele se candidatasse às eleições presidenciais e, justamente por causa disso, sua popularidade cresceu. Em agosto do ano passado, ele se sentiu mal durante um voo que retornava da Sibéria. O tratamento que recebeu em terra salvou sua vida, pois descobriu-se depois em Berlim, Alemanha, para onde ele foi levado, que Navalny havia sido envenenado com um composto químico paralisante. Ele responsabiliza Putin pelo atentado contra sua vida.
Retornando a Moscou na noite deste domingo, 17, Navalny foi detido pelas autoridades sob a acusação de estar violando os termos de uma sentença judicial de 2014, mas a verdade é que ele tem incomodado cada vez mais o presidente Putin por meio de vídeos irônicos, vistos por milhões de pessoas e repletos de críticas ao governo e às classes dominantes russas.
O ativista de 44 anos conseguiu ao longo dos anos montar uma grande rede de apoiadores. Mesmo não tendo condições de vencer as eleições, sempre dirigidas para a vitória de Putin, ele tem conclamado o povo a votar em representantes regionais com coragem e condições de se opor ao atual presidente.
Passando-se por uma autoridade da inteligência russa, Navalny conseguiu extrair de um agente do serviço secreto a confissão sobre o plano para matá-lo. Em um vídeo visto 20 milhões de vezes no YouTube, o agente explica como fez para se aproximar do político e envenená-lo antes do voo.
O presidente Putin nega as acusações e diz que seu opositor é um traidor do país e que, se agentes secretos russos quisessem mesmo matá-lo, ele não estaria vivo para contar a história. O destino de Navalny agora é incerto, mas analistas acreditam que ele acabará sendo liberado. Ele se tornou famoso demais e está chamando a atenção do mundo. Até Putin pensaria duas vezes antes de acabar com ele — análise com a qual, infelizmente, nem todos os especialistas em política russa concordam.