Liberais egípcios se retiram de votação sobre Constituição
Eles denunciam manobra das legendas islamitas para monopolizar o processo de redação da nova Carta
Os deputados liberais egípcios se retiraram neste sábado da votação para escolher a comissão que redigirá a nova Constituição do país e denunciaram que a maioria islâmica do Parlamento quer impor sua opinião.
Os liberais criticaram a proposta dos partidos Liberdade e Justiça (PLJ) e Al Nur de que 50% dos membros da constituinte saiam do Parlamento. Isso seria uma manobra para impedir que a comissão tenha uma composição equilibrada, uma vez que as duas legendas islamitas ocupam quase três quartos do Congresso. Entre os grupos sub-representados estariam cristãos coptas – 10% da população egípcia – e mulheres.
Uma porta-voz da legenda Social-Democrata, Hala Mustafa, afirmou que tanto os integrantes de seu partido quanto os de outras legendas liberais temem que o resultado da constituinte seja “uma Carta religiosa islâmica que ameace a união nacional”. Segundo a porta-voz, embora os deputados que se retiraram sejam, na maioria, muçulmanos, eles não querem uma Constituição marcada pela intransigência.
Enquanto os políticos se reuniam para escolher os membros da comissão, centenas de pessoas realizavam uma manifestação e levavam cartazes com frases como “O povo rejeita que o poder legislativo monopolize a redação da Constituição’. O protesto aconteceu frente ao Salão Internacional de Conferências, na capital Cairo, onde os deputados e senadores estavam reunidos.
A elaboração de uma nova Constituição é um dos passos fundamentais no processo de transição do Egito, que deverá ser coroado com a escolha de um novo presidente da república após as eleições convocadas para os dias 23 e 24 de maio.
(Com agência EFE)