Doha, 2 jun (EFE).- O enviado especial da ONU e da Liga Árabe para a Síria, Kofi Annan, advertiu neste sábado sobre o risco de uma guerra civil sectária no país árabe, cuja crise, segundo ele, começou a causar graves impactos em países vizinhos.
‘No horizonte, está a ameaça de uma guerra civil total na Síria de caráter sectário e preocupante, enquanto os efeitos desta crise começaram a se estender aos países vizinhos’, disse Annan em discurso durante uma reunião do grupo de contato da Liga Árabe, em Doha.
Segundo a agência de notícias oficial catariana ‘QNA’, Annan ressaltou que os eventos e a situação na Síria chegaram a ser inaceitáveis para o povo sírio, para a região e para a comunidade internacional.
‘Nosso sentimento se dirige ao povo sírio em solidariedade pelo sofrimento que durou mais do que deveria. O povo necessita agora o fim da violência’, manifestou Annan, ex-secretário-geral da ONU.
Ele lembrou que, atualmente, há 291 observadores internacionais desdobrados na Síria para fiscalizar o cumprimento de seu plano de paz e mais de 90 funcionários da ONU que elaboram relatórios sobre o que ocorre no país.
Annan ressaltou que a missão da ONU trabalha com ‘coragem e profissionalismo na Síria’ e realiza contatos com a oposição política e armada, além de ajudar as partes a cumprir seus compromissos para reforçar as oportunidades de paz e de estabilidade em busca de um processo político.
O plano de Annan de seis pontos inclui, entre outras medidas, um cessar-fogo, a saída das tropas das cidades, a libertação dos presos políticos e o início de um diálogo entre as autoridades e a oposição.
O enviado da ONU reconheceu que seu plano não foi aplicado como deveria e descreveu a situação como ‘complicada’. Por isso, exigiu responsabilidade às partes envolvidas e destacou a importância de que o regime do presidente Bashar al-Assad cumpra sua parte para demonstrar ‘seriedade’.
‘Falei às claras com o presidente sírio durante minha última visita a Damasco, especialmente sobre o massacre de Houla, e lhe disse que a crise chegou a um ponto de inflexão’, explicou Annan, que pediu ao líder a aplicação imediata de todos os pontos do plano. EFE
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