O líder norte-coreano, Kim Jong-un, alertou nesta quinta-feira, 29, que está pronto para usar suas armas nucleares em potenciais conflitos militares com os Estados Unidos e a Coreia do Sul. Segundo ele, esses rivais estão produzindo uma retórica que está levando a península coreana à beira da guerra.
Sua fala, divulgada pela mídia estatal, ocorreu durante um discurso aos veteranos de guerra no 69º aniversário do fim da Guerra da Coreia de 1950-53. Seu intuito era, aparentemente, gerar um sentimento de maior união dentro do país em crise econômica.
Não é a primeira vez que Kim ameaça seus rivais com armas nucleares. No entanto, analistas dizem ser improvável que seu primeiro alvo sejam os Estados Unidos, de poderio militar altamente superior ao norte-coreano.
“Nossas forças armadas estão completamente preparadas para responder a qualquer crise, e o dissuasor de guerra nuclear de nosso país também está pronto para mobilizar seu poder absoluto com obediência, precisão e rapidez de acordo com sua missão”, disse Kim, segundo publicou a Agência Central de Notícias nesta quinta-feira.
O líder acusou os Estados Unidos de “demonizar” a Coreia do Norte para justificar suas políticas hostis. Kim disse que os exercícios militares regulares entre os americanos e a Coreia do Sul destacam uma política de “dois pesos, duas medidas” dos Estados Unidos e aspectos “semelhantes a gângsteres”, com provocações ou ameaças.
Kim também alegou que o novo governo sul-coreano do presidente Yoon Suk Yeol é liderado por “maníacos por guerra” e “gângsteres”. Desde que assumiu o cargo em maio, o governo Yoon fortaleceu a aliança militar de Seul com os Estados Unidos e reforçou sua própria capacidade de neutralizar ameaças nucleares norte-coreanas, incluindo uma capacidade de ataque preventivo.
“Falar sobre ação militar contra nossa nação, que possui as armas absolutas que eles mais temem, é absurdo e é uma ação suicida muito perigosa”, disse Kim. “Uma tentativa tão perigosa será imediatamente punida por nossa força poderosa e o governo Yoon Suk Yeol e seus militares serão aniquilados.”
A Coreia do Sul expressou “profundo pesar” pela ameaça de Kim e disse que mantém prontidão para lidar com qualquer provocação da Coreia do Norte de “uma maneira poderosa e eficaz”. O governo instou Kim a retornar às negociações para tomar medidas em direção à desnuclearização.
Em abril, as forças armadas de Kim testaram mísseis nucleares capazes de cobrir a distância até o continente dos Estados Unidos e a Coreia do Sul.
A retórica faz parta de uma estratégia de Kim para aumentar seu apoio popular, já que a economia do país foi prejudicada por paralisações nas fronteiras relacionadas à pandemia, sanções lideradas pelos Estados Unidos e sua própria má gestão. Em maio, a Coreia do Norte também admitiu seu primeiro surto de Covid-19, embora os dados de mortes e infecções sejam contestados pela comunidade internacional.
Nesta quinta-feira, a Coreia do Norte disse que registrou 11 casos de febre, uma grande queda em relação ao pico de cerca de 400.000 por dia em maio. O país rejeitou as ofertas dos Estados Unidos e da Coreia do Sul para o envio de vacinas equipamentos médicos. O governo de Kim disse que não fará negócios com os Estados Unidos a menos que abandone as sanções econômicas e os exercícios militares com a Coreia do Sul.