Karzai defende pacto com os EUA – mas impõe condições
Presidente pede o fim de revistas nas residências e das operações noturnas
O presidente afegão, Hamid Karzai, defendeu nesta quarta-feira um pacto estratégico com os Estados Unidos, mas fez ressalvas e pediu sugestões para negociar a paz com os talibãs. “Os americanos querem ter bases estratégicas em nosso país, mas temos condições: eles devem encerrar suas operações em casas de civis e também não devem prender afegãos e encarcerá-los em seus presídios”, declarou, perante a Loya Jirga (assembleia de chefes tribais) em Cabul.
Karzai criticou em muitas ocasiões tanto os ataques das tropas da Otan que causam vítimas civis quanto os centros de detenção que as forças internacionais têm no Afeganistão, e ressaltou que as prisões de insurgentes são um assunto interno. “Queremos ter estabilidade e uma relação independente com os americanos. Os Estados Unidos são um país rico, mas nós somos leões, e os leões não querem que outros animais invadam seu território”, comentou.
A assembleia começou nesta quarta sob uma tenda montada na Universidade de Cabul com fortes medidas de segurança, e dela participam 2.000 líderes tribais, políticos e ativistas para debater as relações com o governo americano e a reconciliação com os talibãs. Os insurgentes, que tinham ameaçado os participantes da reunião, disseram dispor dos planos oficiais de segurança da Loya Jirga, e na segunda-feira um deles foi assassinado quando tentava chegar à Universidade carregado de explosivos.
Tropas internacionais – No Afeganistão, já começou a retirada das tropas internacionais, que deve ser concluída em 2014, e estas estão sendo substituídas progressivamente pelas forças afegãs na tarefa de manter a segurança em todo o país. Karzai também comentou o processo e enfatizou que as relações entre afegãos e americanos devem ser “as de dois países independentes”. “Queremos nossa soberania e a queremos agora”, declarou.
(Com agências EFE e France-Presse)