Madri, 15 mar (EFE).- O estímulo da ‘educada e ambiciosa juventude egípcia’ e os erros do antigo regime, especialmente ‘o tratamento dado à causa palestina’, foram essenciais na Revolução de 25 de janeiro, afirmou nesta quinta-feira o embaixador do Egito na Espanha, Ayman Zain el-Dine.
Em uma conferência em Madri, na qual explicou a transição política que seu país vive, El-Dine considerou que ‘o que está acontecendo agora no Egito se parece muito com o que ocorreu na Espanha há 35 anos, quando acabou a ditadura e começou a democracia’.
‘O que estamos vivendo é muito parecido com o que os espanhóis experimentaram, com muitas emoções ao mesmo tempo, como a esperança, o medo e a preocupação em construir um futuro melhor’, disse.
‘No final de junho, o Egito terá o primeiro presidente do país eleito democraticamente’, declarou o diplomata, explicando que acaba de ser aberto o período de inscrição de candidaturas (que vai de 10 de março a 8 de abril) para a votação que ocorrerá em 23 de maio. Caso seja necessário, será convocado um segundo turno entre os dois candidatos mais votados em 18 de junho.
Ao mesmo tempo, o Parlamento eleito em fevereiro se prepara para redigir a nova Constituição, que deve ser elaborada por 100 membros das duas Câmaras, em um processo que deve durar no máximo um ano.
O embaixador afirmou acreditar que graças à contribuição conjunta de ‘partidos, sociedade civil e meios de comunicação’, o Egito ‘está dando passos em direção ao futuro’, e o caminho ‘vai ser muito mais rápido do que muitos acreditam’.
‘Estamos todos de acordo sobre a necessidade de um novo sistema econômico mais igualitário, mas igualmente respeitoso com o setor privado, para desenvolver todas as áreas, especialmente a indústria’, explicou.
‘Também vai haver mudanças na política externa, dando mais importância à África e mais seriedade à causa palestina, sobretudo na forma de lidar com Israel’, disse o diplomata, ressaltando que isso ‘não ameaça o atual acordo pacífico’ entre os dois países.
Sobre as causas da revolução, El-Dine explicou que na última década do regime do ex-presidente Hosni Mubarak, o grande desenvolvimento econômico não foi acompanhado por avanços sociais, o que polarizou o país em ricos excessivamente ricos e pobres excessivamente pobres, que também tinham suas liberdades reprimidas.
Assim, ‘uma juventude educada e ambiciosa, sem acesso ao desenvolvimento econômico e limitada em seus direitos políticos’ foi fundamental para a mudança de um regime ‘inflexível’ e ‘incapaz de compreender seus objetivos’.
Nesse contexto, o pouco prestígio do Egito no mundo árabe e africano era motivo de insatisfação do povo, especialmente ‘pela atitude do governo com relação à causa palestina’. EFE