Paris, 13 jan (EFE).- A justiça francesa abriu nesta sexta-feira uma investigação por ‘homicídio voluntário’ pela morte do jornalista francês Gilles Jacquier na Síria, na quarta-feira, quando cobria uma manifestação em apoio ao regime de Bashar al Assad.
A investigação é consequência da denúncia apresentada perante a Procuradoria de Paris pela rede de televisão pública na qual trabalhava Jacquier, ‘France 2’, que em sua página da internet disse ter pedido o esclarecimento das circunstâncias da morte.
O diretor de informação da ‘France 2’, Thierry Thuillier, considerou que há elementos ‘turvos’, por exemplo o fato de que o comboio de militares sírios que escoltava os jornalistas ocidentais em Homs ‘tenha desaparecido de circulação no momento dos tiros’.
‘A reportagem da nossa equipe era política, não sobre o conflito atual’, disse Thuillier, que acrescentou que Jacquier e o câmera que o acompanhava, Christophe Kenck, tinham se negado a ir a Homs e só concordaram em ir porque disseram que a outra opção seria deixar o país.
O chefe de noticiários da ‘France 2’ considerou que ‘por enquanto as respostas do Governo sírio não são satisfatórias’ e que a comissão de investigação criada por Damasco ‘não tem nenhuma consistência’.
As denúncias do canal de televisão chegam pouco depois que o ‘Le Figaro’ divulgou as suspeitas do Eliseu de que após a morte de Jacquier houve uma armadilha contra os jornalistas ocidentais que tinham recebido autorizações oficiais e eram conduzidos por forças do regime.
Uma fonte próxima ao presidente francês, Nicolas Sarkozy, declarou ao jornal que privilegiam a tese de ‘uma manipulação’, embora reconheceu não dispor por enquanto de provas.
‘Os responsáveis sírios eram os únicos que sabiam que um grupo de jornalistas ocidentais visitava Homs nesse dia e o bairro no qual se encontravam’, afirmou a fonte. ‘É uma boa coincidência para um regime que tenta desanimar os jornalistas estrangeiros e demonizar a rebelião’, acrescentou.
O corpo de Jacquier chegou esta manhã ao aeroporto Le Bourget, em Paris. Será feita uma autópsia em profundidade para tentar apresentar mais clareza ao fato, em particular sobre a origem do projétil que causou a explosão no local onde ele morreu.
Outras seis pessoas, além do jornalista, morreram por causa dos disparos de um morteiro no mesmo ataque na cidade de Homs. EFE