Israel anunciou nesta quinta-feira, 3, o resgate de uma mulher iraquiana, da minoria religiosa yazidi, sequestrada pelo Estado Islâmico e mantida em cativeiro na Faixa de Gaza durante 10 anos.
Fawzi Amin Sido, de 21 anos, foi sequestrada por terroristas do EI em sua casa na cidade de Sinjar, no Iraque, em agosto de 2014, quando tinha apenas 11 anos.
Ela foi então “vendida” em Raqqa, na Síria, e forçada a se casar com um homem palestino de Gaza, supostamente membro do grupo terrorista Hamas, de acordo com o Ministério das Relações Exteriores de Israel.
Ela relatou ter sido vítima de abusos e tortura por parte da família de seu marido e das autoridades do Hamas durante o período em que foi mantida em cativeiro em Gaza.
Separada de sua família, religião e língua nativa, Sido engravidou de seu marido e deu à luz a seus dois filhos quando ainda era muito jovem.
Fuga do cativeiro
A jovem yazidi conseguiu escapar da casa onde era mantida em cativeiro depois que seu marido foi morto em um ataque aéreo israelense no final de 2023.
Ao se libertar, ela gravou um vídeo para o TikTok compartilhando sua história e pedindo ajuda. O vídeo chegou ao canal de língua kurmanji, Rudaw News, que localizou seus familiares sobreviventes, que, por sua vez, entraram em contato com o empresário judeu canadense Steve Maman, conhecido como “Schindler Judeu” por seus esforços para resgatar e prestar assistência a milhares de yazidis mantidos em cativeiro pelo EI.
“Esta é uma ocasião feliz, mas não posso comemorar de todo o coração porque ainda tenho mais de 100 irmãos e irmãs passando por situações terríveis em Gaza, e continuarei a agir pelo retorno deles da maneira que puder”, disse Maman após o resgate de Sido.
Operação de resgate
As Forças de Defesa de Israel (IDF) disseram que Sido foi resgatada em uma operação complexa coordenada pelos militares israelenses e pela Embaixada dos EUA em Jerusalém, juntamente com “outros membros da comunidade internacional”.
“A jovem foi retirada da Faixa de Gaza nos últimos dias em uma operação secreta através da travessia de Kerem Shalom. Depois de atravessar para Israel, ela foi levada para a Jordânia através da Travessia de Allenby e depois para sua família no Iraque”, disseram as IDF.
Nesta semana, o Departamento de Estado americano relatou ter ajudado a “evacuar com segurança de Gaza uma jovem mulher yazidi para se reunir com sua família no Iraque”.
O Ministério das Relações Exteriores do Iraque, por sua vez, emitiu um comunicado afirmando que Sido havia sido resgatada através de esforços conjuntos entre as embaixadas dos EUA em Bagdá e Amã e as autoridades jordanianas, sem mencionar qualquer participação israelense.
Yazidis perseguidos
Os yazidis são curdos étnicos que cultivam uma religião com elementos do zoroastrismo, do cristianismo e do islamismo. Eles são considerados adoradores do diabo pelos radicais do EI.
Mais de 6.000 yazidis foram sequestrados por militantes do EI na região de Sinjar, no Iraque, em 2014, com muitas das mulheres e meninas vendidas como escravas sexuais e dos meninos treinados para se tornarem crianças-soldados. De acordo com as autoridades iraquianas, cerca de 2.600 permanecem desaparecidos.