Jovem que ateou fogo ao próprio corpo morre na Tunísia
O gesto é muito simbólico, pois a revolução tunisiana de 2011, a primeira da Primavera Árabe, teve início após um vendedor ambulante se imolar no país
O vendedor ambulante Adel Khadri, de 27 anos, que cometeu um ato de imolação com fogo na manhã de terça-feira em Túnis, capital da Tunísia, morreu nesta quarta-feira. “Ele morreu às 5h30 em consequência das graves queimaduras”, disse Imed Touibi, diretor do centro de tratamento de queimados Ben Arous.
Adel Khadri, vendedor de cigarros, colocou fogo no próprio corpo na avenida Habib Bourguiba, no centro de Túnis. “Aqui está a juventude que vende cigarros, ou seja, o desemprego”, gritou no momento do ato. O gesto é muito simbólico, pois a revolução tunisiana de 2011, a primeira da chamada Primavera Árabe, teve início em 17 de dezembro de 2010 quando o jovem vendedor ambulante Mohamed Bouazizi se imolou em Sidi-Bouzid, região central do país, abalado pela miséria e a perseguição policial.
A pobreza e o desemprego foram as principais causas da revolução que derrubou o regime de Zine El Abidine Ben Ali. Dois anos depois dos acontecimentos, no entanto, a situação da economia tunisiana continua delicada e uma crise política paralisa o país.
Novo governo – O Parlamento tunisiano deu sinal verde nesta quarta-feira ao programa e ao governo apresentado pelo islamita Ali Larayedh do partido Ennahda, com o apoio de 139 dos 197 deputados presentes na Assembleia Nacional Constituinte (ANC). Ali Larayedh, que em 22 de fevereiro recebeu a incumbência de constituir um novo gabinete, havia apresentado na sexta-feira passada ao presidente tunisiano sua nova equipe, cujos principais postos estão ocupados por personalidades independentes.
O primeiro-ministro anterior, Hamadi Jabali, também do islamita Ennahda, renunciou em consequência da crise política que eclodiu no país após o assassinato em 6 de fevereiro do ativista de esquerda Chukri Bel Aid. A missão do novo governo deve durar até as próximas eleições, previstas em princípio para o fim de 2013. “A missão terminará no máximo no final deste ano”, disse Larayedh perante os legisladores, antes de acrescentar que os quatro principais eixos do programa girarão em torno da política, a segurança, os assuntos sociais e a economia.
Prioridades – “A primeira prioridade é dar visibilidade à ação política para preparar o terreno para a organização das próximas eleições presidenciais e legislativas, em cooperação com a ANC”, disse Larayedh. Nesse sentido, pediu aos deputados que acelerem “o ritmo para a aprovação da lei eleitoral e os projetos de lei para a criação das instâncias encarregas de organizar as eleições, os recursos e a justiça transitória”. A segunda prioridade será o “restabelecimento da ordem, a luta contra o crime e a violência em todas suas formas”.
Na esfera econômica, o novo chefe do Executivo especificou que “a luta pelo emprego, o desenvolvimento econômico e a luta contra a alta dos preços” são os principais pontos de seu governo. No plano social, Larayedhsituou a “continuação das reformas, especialmente as relacionadas com a luta anticorrupção, a finalização do processo de anistia e a indenização das vítimas e os feridos” dos protestos que forçaram a renúncia de Ben Ali.
A equipe de Larayedh, composta por 27 ministros, conta com quatro personalidades independentes à frente dos ministérios das Relações Exteriores, Interior, Defesa e Justiça, o que era uma das principais reivindicações da oposição. No total, o gabinete é integrado por 12 independentes ou tecnocratas, nove membros do Ennahda e seis políticos do CPR e do Takatol.
(Com agências France-Presse e EFE)