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John Bolton pode depor em processo de impeachment de Trump

Juiz federal determinou que Câmara poderá ter acesso a documentos da investigação do ex-procurador especial Robert Mueller sobre o 'Russiagate'

Por Da Redação
Atualizado em 25 out 2019, 17h52 - Publicado em 25 out 2019, 15h35

Os advogados do ex-conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca John Bolton discutem a possibilidade de seu cliente testemunhar ao Congresso no âmbito do processo de impeachment do presidente Donald Trump, informou a imprensa americana nesta sexta-feira, 25.

Outros três funcionários da Casa Branca receberam intimações para depor nas próximas semanas. Só entre sábado, 26, e quinta-feira, 31, há cinco testemunhos relacionados ao caso marcados.

Bolton foi demitido por Trump – ou se demitiu, como alega – no dia 10 de setembro. O assessor discordava do presidente em alguns dos maiores desafios do país na área externa – Irã, Coreia do Norte e Afeganistão.

Se realmente for confirmado como testemunha no processo, Bolton se somará ao cada vez maior grupo de diplomatas e membros da administração Trump que concordaram em prestar depoimento no inquérito comandado pelos democratas da Câmara dos Deputados.

Nesta sexta, um juiz federal determinou que o Comitê Judiciário da Câmara, responsável por redigir o documento oficial de impeachment, poderá ter acesso aos documentos confidenciais da investigação conduzida pelo ex-procurador especial Robert Mueller. O inquérito apurou se a Rússia tentou interferir nas eleições americanas de 2016 e se houve cooperação da campanha de Trump no processo.

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A decisão pode acelerar o processo de inquérito conduzido pelos democratas e trazer novas informações para o caso.

‘Giuliani é uma granada de mão’

Na semana passada, Fiona Hill, colega de Bolton na Presidência americana, disse em depoimento na Câmara que Bolton a encorajou a denunciar condutas impróprias observadas por ela durante seu período como assessora de Trump.

Ainda segundo ela, Bolton teria mencionado comportamentos ilegais planejados pelo advogado pessoal de Trump, Rudy Giuliani, pelo embaixador americano na União Europeia (UE), Gordon Sondland, e pelo chefe de gabinete da Casa Branca, Mick Mulvaney.

“Giuliani é uma granada de mão que vai explodir todo mundo. Não sou parte de nenhum droga de ilegalidade que Sondland e Mulvaney estejam planejando”, teria afirmado Bolton, segundo disse Hill em seu depoimento.

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Hill foi a primeira ex-autoridade da Casa Branca a depor no inquérito de impeachment de Trump por abusar de seu poder ao pressionar a Ucrânia. Ela atuava como conselheira para assuntos de Rússia e de Ucrânia e deixou seu cargo dias antes do contato entre o presidente americano e seu colega ucraniano Vladimir Zelensky.

Conforme afirmou aos deputados, Bolton lhe pediu para expressar sua oposição às pressões à Ucrânia aos advogados do Conselho de Segurança Nacional e também para alerta-los sobre as atitudes de Sondland, Giuliani e Mulvaney.

Ela relatou ainda que Bolton tinha confrontado Sondland sobre seu envolvimento, uma vez que embaixador na União Europeia não teria relações com a Ucrânia, segundo o jornal The New York Times.

Trump é investigado por abuso de poder em sua pressão sobre o presidente da Ucrânia, Vladimir Zelensky, para investigar seu potencial adversário nas urnas, o ex-vice-presidente democrata Joe Biden.

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Em uma troca de mensagens de setembro de 2019, Sondland e outros diplomatas americanos deixam claro ao governo ucraniano que uma possível melhora nas relações entre Kiev e Washington iria depender da cooperação de Zelensky na busca por informações sobre Joe Biden e seu filho, Hunter.

Posteriormente, Mulvaney admitiu que Trump insistiu que a Ucrânia prosseguisse com uma investigação sobre uma suposta “corrupção dos democratas”, que teriam aceitado a ajuda ucraniana nas eleições de 2016. Em troca, liberaria o envio de 250 milhões de dólares em ajuda militar prometidos anteriormente à Ucrânia para reforçar a defesa contra a Rússia.

Defensiva republicana

Enquanto os democratas conduzem os depoimentos e as investigações sobre o caso, os aliados de Trump tentam defender o presidente das acusações. Nesta quinta-feira 24, os republicanos no Senado apresentaram uma resolução para condenar simbolicamente o inquérito. De acordo com estes senadores, o procedimento é “ilegítimo”.

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No dia anterior, os congressistas tentaram impedir que uma testemunha no processo de impeachment prestasse depoimento e invadiram uma audiência fechada. Ao menos 20 parlamentares entraram em uma sala de reunião fechada do Capitólio, conhecida como SCIF, retardando o depoimento de uma funcionária do Pentágono

O acesso sem autorização a uma sala SCIF – espaço especialmente desenhado para impedir espionagem eletrônica – é uma violação do regimento da Câmara de Representantes. Na invasão, os republicanos entraram no local com seus telefones celulares, o que constitui uma violação ainda mais grave das normas de segurança.

Investigação da investigação

O Departamento de Justiça deu início nesta sexta-feira em um inquérito sobre a investigação conduzida por Robert Mueller sobre a interferência da Rússia nas eleições americanas de 2016.

Desde março o Departamento vem revisando as etapas da investigação para determinar se o procurador agiu de maneira legal. Mas nesta semana, o órgão decidiu abrir um inquérito criminal.

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A ação despertou críticas contra o Departamento de Justiça, acusado de atuar a favor de Trump. O presidente americano foi acusado por Mueller de tentar interferir no curso das investigações e obstruir o inquérito.

No Twitter, o deputado democrata Jerry Nadler, presidente do Comitê Judiciário da Câmara, afirmou que as novas investigações “levantam novas preocupações profundas de que o Departamento de Justiça e [o secretário de Justiça William] Barr perderam sua independência e se tornaram um veículo para a vingança política do presidente Trump”.

A apuração conduzida por Mueller averiguou a interferência da Rússia nas eleições presidenciais dos Estados Unidos. O ex-procurador também investigou um possível conluio da campanha de Trump com Moscou.

Mueller afirmou que seu relatório final não concluía, porém não isentava Trump de obstrução de Justiça. Ele disse que “se tivéssemos a confiança de que o presidente não cometeu um crime, nós teríamos dito isso”.

Na época, contudo, afirmou que acusar formalmente Trump não era uma opção a se considerar, pois não é permitido que o Departamento de Justiça acuse de crime um presidente em exercício. Ainda assim, a Constituição prevê a possibilidade de o Congresso iniciar um processo de impeachment.

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