O então conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca John Bolton criticou duramente a atitude do advogado Rudolph Giuliani que, juntamente com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pressionou o governo ucraniano a investigar o filho do pré-candidato democrata Joe Biden. Em depoimento na Câmara dos Deputados, Fiona Hill, colega de Bolton na Presidência americana, disse que Bolton mostrou-se contrariado com essas iniciativas.
“Giuliani é uma granada de mão que vai explodir todo mundo. Não sou parte de nenhum droga de ilegalidade que Sondland e Mulvaney estejam planejando”, teria afirmado Bolton, segundo disse Hill em seu depoimento, referindo-se ao embaixador dos Estados Unidos na União Europeia, Gordon Sondland, e ao chefe de gabinete da Casa Branca, Mick Mulvaney.
Hill foi a primeira ex-autoridade da Casa Branca a depor no inquérito de impeachment de Trump por abusar de seu poder ao pressionar a Ucrânia. Ela atuava como conselheira para assuntos de Rússia e de Ucrânia e deixou seu cargo dias antes do contato entre o presidente americano e seu colega ucraniano Volodymyr Zelensky. Conforme afirmou aos deputados, Bolton lhe pediu para expressar sua oposição às pressões à Ucrânia aos advogados do Conselho de Segurança Nacional e também para alerta-los sobre as atitudes de Sondland, Giuliani e Mulvaney.
Ela relatou ainda que Bolton tinha confrontado Sondland sobre seu envolvimento, uma vez que embaixador na União Europeia não teria relações com a Ucrânia, segundo o jornal The New York Times. Sondland teria respondido que, de acordo com o próprio presidente Trump, estava encarregado de assuntos ucranianos.
À NBC News, Giuliani comentou: “Estou muito decepcionado que sua amargura o leve a atacar um amigo falsamente e de uma maneira tão pessoal. É realmente irônico que John Bolton esteja chamando alguém de granada de mão, quando é descrito por muitos como uma bomba atômica.”
Bolton foi demitido por Trump – ou se demitiu, como alega – no dia 10 de setembro.
A Casa Branca declarou na terça-feira 8 que se recusava a cooperar com o inquérito de impeachment aberto pela Câmara, de maioria democrata. Apesar disso, autoridades como Marie Yovanovitch, ex-embaixadora dos Estados Unidos na Ucrânia, se rebelaram contra essa decisão. Yovanovitch testemunhou na sexta-feira 11, e George Kent, vice-secretário adjunto de Estado encarregado de políticas para a Ucrânia, testemunhou nesta terça-feira, 15.
Desde março, Kent diz ter apontado o papel de Giuliani no que ele chamou de campanha de “desinformação”, que usava um promotor ucraniano para manchar alvos do presidente – entre eles, Biden e Yovanovitch. O Times reportou sobre suas advertências em e-mails internos do Departamento de Estado: em um, ele atacou notícias falsas contra a ex-embaixadora na Ucrânia disseminadas por aliados de Trump na mídia; e em outro, criticou o promotor ucraniano que estava pressionando o avanço das acusações sobre Yovanovitch, chamando-as de “absurdo completo”.
Espera-se que Sondland, antes relutante a depor, se apresente à Câmara nesta quinta-feira, 17. Na sexta-feira, 18, Laura Cooper, vice-secretária adjunta de Defesa para políticas na Rússia, Ucrânia e Eurásia, deve contribuir para o inquérito.