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Israel tratará jornalistas que cobriram ataque do Hamas como ‘terroristas’

Freelancers da AP, Reuters, CNN e NYT capturaram imagens dos ataques de 7 de outubro; Tel Aviv alega que eles tinham conhecimento prévio do ataque

Por Da Redação
10 nov 2023, 11h41

Autoridades israelenses disseram na noite de quinta-feira 9 que fotógrafos freelancers palestinos que capturaram imagens do ataque do Hamas em 7 de outubro e enviaram-nas à mídia internacional deveriam ser tratados como terroristas, alegando que os jornalistas tinham conhecimento prévio da incursão terrorista.

Os jornalistas em questão enviaram fotos e vídeos do ataque, no qual pelo menos 1.400 israelenses foram mortos, a meios de comunicação como as agências de notícias Reuters e Associated Press, bem como à emissora americana CNN e ao jornal The New York Times.

O ex-ministro da Defesa Benny Gantz, atualmente membro do gabinete de guerra de Israel, disse na quinta-feira que “os jornalistas que sabiam do massacre, e ainda escolheram permanecer como espectadores ociosos enquanto crianças eram massacradas, não são diferentes dos terroristas e deveriam ser tratado como tal”.

Danny Danon, representante de Israel nas Nações Unidas, disse que seu governo possui uma lista de pessoas que iria “eliminar” por participarem no ataque.

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“Os ‘fotojornalistas’ que participaram da gravação da agressão serão acrescentados a essa lista”, disse ele na plataforma X, antigo Twitter.

O ataque envolveu milhares de pessoas, durou várias horas e as fotografias, que foram vistas em todo o mundo, incluíam imagens de homens palestinos, alguns armados, atravessando brechas na cerca da fronteira entre a Faixa de Gaza e Israel durante o ataque. Outras mostraram reféns feridos sendo arrastados para Gaza.

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As autoridades israelenses alegaram que os jornalistas que atuavam em Gaza tinham conhecimento prévio da operação, mas não forneceram nenhuma evidência. Quem divulgou as acusações não fundamentadas foi a HonestReporting, uma organização não governamental pró-Israel.

Gill Hoffman, ex-repórter do jornal israelense Jerusalem Post e diretor executivo do HonestReporting, depois disse à Associated Press que ficou satisfeito com as respostas que recebeu de várias organizações de mídia às alegações, reconhecendo que não tinha provas. No entanto, o relatório permaneceu em destaque no site do HonestReporting e foi divulgado nas redes sociais.

“Eram perguntas legítimas a serem feitas”, disse Hoffman à AP.

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A assessoria de imprensa do governo de Israel, que regulamenta os passes de imprensa, disse ter exigido esclarecimentos da AP, CNN, The New York Times e Reuters.

A AP disse que não tinha conhecimento dos ataques de 7 de outubro antes de eles acontecerem e recebeu fotos de freelancers cerca de uma hora após o início do ataque.

“Nenhum funcionário da AP estava na fronteira no momento dos ataques, nem nenhum funcionário da AP atravessou a fronteira em nenhum momento. Quando aceitamos fotos freelance, tomamos medidas importantes para verificar a autenticidade das imagens e se elas mostram o que é suposto”, afirmou a AP em comunicado.

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A CNN disse que também “não tinha conhecimento prévio dos ataques de 7 de outubro”, bem como a Reuters, que negou ter qualquer conhecimento prévio da incursão terrorista ou que tivesse incorporado jornalistas ao Hamas em 7 de outubro. A agência de notícias disse ter adquirido fotos de dois fotógrafos freelancers sediados em Gaza que estavam na fronteira na manhã de 7 de outubro, mas com quem não mantinha relacionamento comercial anterior.

“As fotografias publicadas pela Reuters foram tiradas duas horas depois de o Hamas ter disparado foguetes contra o sul de Israel e mais de 45 minutos depois de Israel ter dito que homens armados tinham atravessado a fronteira”, acrescentou a agência de notícias em comunicado.

O New York Times disse que era “falso e ultrajante” sugerir que alguém do jornal tinha conhecimento prévio dos ataques do Hamas ou acompanhava quaisquer agressores.

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O Comitê para a Proteção de Jornalistas, uma organização sem fins lucrativos, disse que pelo menos 39 palestinos que trabalhavam em meios de comunicação foram mortos desde que Israel começou a bombardear a Faixa de Gaza, em 7 de outubro. De acordo com o órgão, este foi o mês mais mortal para jornalistas desde o início de seus registros. Outros oito profissionais da imprensa ficaram feridos e 13 estão desaparecidos, informou o CPJ.

“O CPJ enfatiza que os jornalistas são civis que realizam um trabalho importante em tempos de crise e não devem ser alvo de partes em conflito”, disse Sherif Mansour, coordenador do programa do CPJ para o Oriente Médio e Norte de África.

“Aqueles em Gaza, em particular, pagaram, e continuam a pagar, um preço sem precedentes e enfrentam ameaças exponenciais. Muitos fugiram em busca de segurança quando não há porto seguro ou saída”, acrescentou ele.

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