Clique e Assine VEJA por R$ 9,90/mês
Continua após publicidade

Israel considera libertar reféns com diplomacia em vez de destruir o Hamas

O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu prometeu resgatar os cativos em Gaza com vitória sobre o grupo terrorista, algo visto como impossível por comandantes

Por Simone Blanes Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 7 Maio 2024, 16h15 - Publicado em 20 jan 2024, 15h44

Após mais de 100 dias de guerra, comandantes de Israel declararam que os dois objetivos principais do governo israelita eram incompatíveis. Para erradicar o Hamas, os militares teriam de travar uma guerra prolongada que muito provavelmente custaria a vida dos reféns. Por isso, em vez  de utilizar meios militares para destruir o Hamas, consideram libertar os mais de 100 reféns israelenses que estão em Gaza desde o dia 7 de outubro com ações diplomáticas.

Israel estabeleceu o controle sobre uma parte menor de Gaza, mas o ritmo lento levou alguns comandantes a expressarem suas frustrações sobre as estratégias do governo civil. Há ainda um conflito entre quanto tempo o país precisaria para erradicar totalmente o Hamas – um trabalho árduo e demorado travado no labirinto de túneis subterrâneos do grupo – e a pressão, aplicada pelos aliados para encerrar a guerra rapidamente em meio a uma espiral de mortes de civis.

Em novembro do ano passado, o Hamas libertou mais de 100 reféns dos 240 que sequestraram na invasão à Israel, quando mataram cerca de 1.200 pessoas, segundo estimativa do país. Na ocasião, porém o grupo extremista também declarou que não libertará os outros a menos que Israel concorde em cessar completamente as hostilidades. Acredita-se que a maioria dos reféns restantes sejam mantidos por células do Hamas que estão escondidas dentro da fortaleza subterrânea de túneis que se estende por centenas de quilômetros abaixo da superfície de Gaza.

Na quinta-feira 18, Gadi Eisenkot, antigo chefe do exército que serve no gabinete de guerra, expôs uma cisão dentro do governo quando disse numa entrevista que era uma “ilusão” acreditar que os reféns poderiam ser resgatados vivos por meio de operações militares. “A situação em Gaza é tal que os objetivos da guerra ainda não foram alcançados”, disse Eisenkot, acrescentando: “Para mim, não há dilema. A missão é resgatar civis, antes de matar um inimigo.”

Indecisão e Lentidão

Os comandantes disseram ainda que o equívoco do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu sobre um plano pós-guerra para Gaza era, pelo menos em parte, responsável pela situação difícil dos militares no campo de batalha.

Continua após a publicidade

Netanyahu ainda não esclareceu como Gaza será governada após a guerra e de acordo com os generais, não há como o exército tomar decisões táticas de curto prazo sobre como capturar as partes de Gaza que permanecem fora do controle israelense sem uma visão de longo prazo para o território.

Sem contar que a tomada da parte meridional de Gaza, que margeia a fronteira egípcia, exigiria uma maior coordenação com o Egito, que não está disposto a envolver-se sem garantias de Israel sobre o plano pós-guerra.

Questionado sobre a situação, o gabinete de Netanyahu disse em comunicado que “o primeiro-ministro está liderando a guerra contra o Hamas com conquistas sem precedentes de uma forma muito decisiva”. Em discurso na quinta-feira, 18, Netanyahu prometeu alcançar “vitória total sobre o Hamas” e também resgatar os reféns.

Ou seja, os militares israelenses recusaram-se a responder aos comentários dos comandantes. Apenas divulgaram um comunicado oficial dizendo que não conheciam a identidade dos comandantes que falaram ao jornal britânico “The Times” e que as suas opiniões “não refletem a posição dos militares”. A declaração dizia ainda que “a libertação dos reféns faz parte dos objetivos da guerra e é da maior importância.”

Os generais, no entanto, temem que uma campanha prolongada – sem um plano pós-guerra – corroa qualquer apoio remanescente dos aliados de Israel, limitando a sua vontade de fornecer munições adicionais.

Continua após a publicidade

Enquanto isso, em Gaza…

Os líderes estrangeiros ficaram alarmados com o número de mortos causado pela campanha de Israel: mais de 24 mil habitantes de Gaza foram mortos na guerra, de acordo com as autoridades de saúde do país, o que gerou acusações – veementemente negadas por Israel – de genocídio. As autoridades de Gaza não disseram quantos dos mortos eram combatentes, mas as autoridades militares israelitas afirmam que o número de óbitos inclui mais de 8.000 combatentes.

E as famílias dos reféns tornaram-se mais eloquentes sobre a necessidade de libertar os seus familiares por meio da diplomacia e não da força. Desde então, alguns reféns levados para Gaza foram declarados mortos – e ainda não está claro se morreram acidentalmente pelas forças israelitas ou pelo Hamas.

Dos mais de 100 reféns libertados desde o início da invasão, apenas um foi por meio de uma operação de resgate. Os outros foram todos trocados por prisioneiros e detidos palestinos, durante uma breve trégua em novembro. Ao concentrarem os seus esforços na destruição dos túneis, os militares arriscam-se a cometer erros que poderão custar a vida de mais cidadãos israelenses. Três já foram mortos pelos seus próprios soldados em dezembro, apesar de agitarem uma bandeira branca e gritarem em hebraico.

“Basicamente, é um impasse”, disse Andreas Krieg, especialista em guerra do King’s College London, ao “The New York Times”. “Não é um ambiente onde se possa libertar reféns. Se entrar nos túneis e tentar libertá-los com forças especiais, os matará diretamente – ou indiretamente, em armadilhas ou em um tiroteio”, completou.

Continua após a publicidade

(Com informações do The New York Times)

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 9,90/mês*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 49,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.