Em uma escalada das hostilidades entre palestinos e israelenses, Israel atacou 25 novas posições militares do Hamas na Faixa de Gaza na madrugada desta quarta-feira (30) e foi alvo de projéteis lançados dessa região. Os bombardeios ocorreram apesar do anúncio de uma trégua pela Jihad Islâmica, negada pelo governo israelense.
Os bombardeios israelenses paralisaram a Faixa de Gaza. O Exército de Israel informou ter atingido, com sua aviação e artilharia, fábricas e armazéns de armas e foguetes, bases de treinamento, refúgios de drones e “infraestruturas militares” do Hamas, grupo político-militar que governa Gaza, e da Jihad Islâmica.
O governo dos Estados Unidos, aliado de Israel, denunciou os disparos palestinos “contra instalações civis” e pediu uma reunião urgente do Conselho de Segurança das Nações Unidas nesta quarta-feira.
O Exército israelense informou também que, ao longo da madrugada, seu sistema defensivo Domo de Ferro “interceptou vários projéteis” lançados da Faixa de Gaza contra Shaar Haneguev e Sdot Negev. Desde ontem, seis pessoas ficaram levemente feridas, das quais cinco eram militares.
Um foguete caiu em Netivot provocando danos. Mas não houve feridos, informou a polícia israelense, que enviou ao local especialistas para desativar o explosivo.
Milhares de israelenses das regiões adjacentes a Gaza passaram a noite em refúgios de segurança, segundo o portal Ynet. As milícias palestinas teriam disparado 40 foguetes e bombas. O Exército de Israel responsabilizou a “a organização terrorista Hamas dos graves ataques contra civis israelenses”.
A escalada de hostilidades teve como ponto culminante o ataque de soldados israelenses a manifestantes palestinos, na Faixa de Gaza, no último dia 14.
Mais de 60 palestinos foram mortos e cerca de 2.000 ficaram feridos quando protestavam contra a nakba (catástrofe), como denominam o aniversário da independência de Israel e a consequente guerra árabe-israelense, que resultou no deslocamento de 750 mil palestinos em 1948. Os protestos foram acirrados pela inauguração da embaixada dos Estados Unidos em jerusalém naquele dia.
Os palestinos de Gaza realizavam a Marcha do Retorno desde o fim de março. Esse movimento pedia o fim do bloqueio israelense à região. Até o último dia 14, cerca de 55 pessoas haviam sido mortas pelas tropas de Israel durante esses protestos. Depois dessa data, mais 86 palestinos foram feridos durante novos protestos.
Trégua
Cercada por Israel, Egito e o Mar Mediterrâneo, a Faixa de Gaza e as zonas fronteiriças israelenses haviam registrado na terça-feira (29) desde a guerra de 2014. O lado palestino lançara 70 projéteis e foguetes e Israel revidara com 35 bombardeios. Três militantes da Jihad Islâmica e três soldados israelenses morreram.
Depois desses ataques, a Jihad Islâmica ter anunciou a retomada do cessar-fogo acordado em 2014 entre Israel e as milícias de Gaza, sob mediação do Egito.
“Em contato com a parte egípcia foi alcançado um acordo de cessar-fogo com Israel para voltar à calma, com base no acordo de 2014” , afirmou em um comunicado o porta-voz da Jihad Islâmica, Dawoud Shihab.
Khalil al-Hayya, auxiliar do líder do Hamas na Faixa de Gaza, confirmou que a trégua fora alcançada, “graças a um determinado número de mediadores”. Mas o ministro israelense de Inteligência, Yisrael Katz, negou a existência do acordo.
“Israel não deseja que a situação se deteriore, mas quem desencadeou a violência deve encerrá-la. Israel fará pagar (o Hamas) pelos disparos contra Israel”, afirmou Katz.
A escalada de terça-feira, após semanas de violência na fronteira entre Israel e Gaza, ressuscitou a ameaça um novo conflito. Entre 2008 e 2014, a região foi cenário de três guerras. O cessar-fogo de 2014 é desafiado regularmente pelos dois lados.
Em princípio, nem Israel nem um enfraquecido e isolado Hamas teriam interesse em uma nova guerra. Mas diplomatas e analistas afirmam que o isolamento da Faixa de Gaza, pelos bloqueios israelense e egípcio, a crise econômica local e a ausência de um horizonte político desestabilizam a situação.
(Com EFE)