Islamitas querem ‘construir democracia’ na Tunísia
Desde o anúncio do resultado do pleito, país vive revolta de alguns setores
Vencedores da primeira eleição livre na Tunísia, os islamitas do Ennahda insistiram nesta sexta-feira no seu engajamento democrático. As declarações não detiveram a fúria da população, que questiona a capacidade do partido de respeitar o processo de transição: ondas de violências explodiram na cidade símbolo da revolução, Sidi Bouzid.
“A democracia é para todo mundo”, disse à imprensa o líder do Ennahda, Rached Ghannouchi, em Túnis. O Ennahda elegeu 90 parlamentares em um total de 217 da nova Assembleia Constituinte.
“Pedimos a todos os nossos irmãos, independente de orientação política, que participem da construção de um regime democrático”, prosseguiu Ghannuchi. “A revolução não aconteceu para destruir um estado, e sim para destruir um regime. Estamos determinados a proteger o estado tunisiano”, afirmou.
Toque de recolher – No mesmo dia, um toque de recolher foi decretado em Sidi Bouzid. A sede do Ennahda e vários prédios administrativos, entre eles a prefeitura e o Tribunal, foram saqueados depois do anúncio do resultado da eleição. Os manifestantes contestaram a invalidação da agremiação política “Petição popular”, do empresário tunisiano Hechmi Haamdi, que ganhou neste distrito, sua região natal. As manifestações continuaram nesta sexta-feira e Ghanucchi pediu calma.
Os islamitas, perseguidos, presos ou condenados ao exílio pela ditadura de Ben Ali, estão em posição favorável na futura Assembleia que vai redigir a nova Constituição. Além disso, a Assembleia foi eleita para nomear um novo presidente, que, por sua vez, designará um primeiro-ministro. O Ennahda afirmou que seu número dois, Hamadi Jebali, de 62 anos (dezesseis deles preso, incluindo 10 na solitária) está concorrendo para a liderança do governo.
(Com agência France-Presse)