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Islã político se impõe na recente democracia tunisiana

Por Da Redação
19 dez 2011, 15h47

Miguel Albarracín.

Túnis, 19 dez (EFE).- O islamismo político se impôs nas primeiras eleições democráticas realizadas na Tunísia após as manifestações populares que derrubaram o presidente Zine El Abidine Ben Ali em 14 de janeiro e que se transformou no epicentro da chamada Primavera Árabe.

Reprimido durante décadas e considerado uma organização terrorista pelo antigo regime, o partido islâmico conservador do Movimento Al Nahda superou todas as expectativas na primeira eleição livre, que foi realizada no dia 23 de outubro e firmou a Assembleia Nacional Constituinte.

O partido islâmico chegou ao poder com o dobro da porcentagem que apontavam as pesquisas eleitorais. Com 41,6% dos votos, o Al Nahda obteve 89 das 217 cadeiras, um resultado que levou Hamadi Jabali, secretário-geral da legenda, a assumir o governo de transição do país.

Principal grupo parlamentar, o Al Nahda negociou uma aliança com o Congresso Pela República (CPR) – a segunda força política, que obteve 29 cadeiras -, e com o Fórum Democrático pelo Trabalho e as Liberdades (Atakatol), que ficou na quarta posição, com 20 cadeiras.

Essa aliança domina a Assembleia Nacional Constituinte com 138 cadeiras, repartindo os postos-chave do país: Moncef Marzouki (CPR), como presidente do país; Mustafa Ben Yafaar (Atakatol), como presidente da Assembleia Nacional, e Jabali, do Al Nahda, como chefe de Governo, o cargo com maior poder e atribuições.

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Com a aprovação de uma mini constituição de 26 artigos, no ultimo dia 11 de dezembro, a proposta do Al Nahda acabou com o antigo presidencialismo da república tunisiana.

A partir de agora, o presidente do Conselho de Ministros é quem cria, anula e regula os ministérios, as secretárias de Estado e as empresas públicas.

As divergências surgidas em torno desta constituição transitória, que também rege o regime de votação da Carta Magna, também provocaram a primeira crise na aliança, que acabou desativada com novas prerrogativas ao presidente.

No entanto, as vozes discordantes, como a de Ahmed Najib Chebbi, do Partido Democrático Popular, consideram que a medida ‘exclui o presidente do Estado de suas prerrogativas e concentra o poder nas mãos do presidente do Governo’, o que transforma o Al Nahda no herdeiro do partido de Ben Ali.

Enquanto a aliança dirigida pelo Al Nahda começa a deixar para trás o antigo regime, as sombras da crise econômica e o descontentamento social ainda ameaçam a estabilidade do país, já que a taxa de desemprego beira os 20% e o país não prevê um crescimento econômico para 2012.

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A precária situação econômica do país continua vigente e sendo alvo de manifestações, iniciadas depois que o jovem Mohamed Bouazizi ateou fogo ao próprio corpo no dia 17 de dezembro de 2010.

Os protestos registrados no centro do país também se multiplicaram, já que os manifestantes ainda não viram que a transição se traduziu em melhorias na qualidade de vida e na situação de trabalho.

A região de Gafsa termina o ano quase da mesma forma como começou, sob toque de recolher e com todas as empresas e fábricas totalmente paralisadas por causa dos protestos que milhares de desempregados realizam nas estações de trens e ônibus e nas portas dos órgãos estatais.

Os representantes da Companhia de Fosfatos de Gafsa e do Grupo Químico de Túnis já advertiram sobre a ‘gravidade da situação’ em três regiões: Gafsa, Gabes e Sfax.

Este profundo conflito social, herdado do antigo regime, ainda é agravado por outro elemento: o assédio de setores do extremismo islâmico à vida universitária, cultural e religiosa do país. Por exemplo, é cada vez mais evidente o aumento do número de mulheres que optam por cobrir totalmente o rosto com o ‘niqab’, influenciadas pelas doutrinas vindas da Arábia Saudita. EFE

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