Irlanda vai investigar se foram cometidos abusos em investigações envolvendo ciganos
Polícia do país e serviço social do país retiraram duas crianças de suas famílias nesta semana após desconfiarem de documentos
O governo irlandês concedeu poderes a um corregedor para investigar se foram cometidos abusos em dois casos envolvendo casais ciganos que tiveram seus filhos levados pela polícia e pelo serviço social, segundo informações divulgadas pelo jornal Irish Times. Um menino e uma menina, de 2 e 7 anos, respectivamente, foram tirados da famíia porque os policiais desconfiaram da autenticidade dos documentos de identidade apresentados. Os casos ocorreram nos arredores de Dublin.
Depois da realização de testes de DNA, ficou comprovado que ambas as crianças, de olhos claros, eram mesmo filhas dos ciganos. Os episódios, que ocorreram na sequência de um caso envolvendo uma criança cigana na Grécia, provocaram indignação em organizações que representam a minoria na Irlanda, que acusaram as autoridades de preconceito e passaram a pedir uma investigação independente.
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A Irlanda possui desde 2004 um corregedor para fiscalizar o cumprimento dos direitos das crianças no país, mas até esta sexta-feir, as atribuições do cargo não incluíam o poder de investigação de ações da polícia e do serviço social. Emily Logan disse que vai se concentrar em examinar “como as famílias foram tratadas e qual foi a conduta do serviço social e da polícia”. Após a investigação, as conclusões devem ser divulgadas publicamente,.
O pai de uma das crianças, Iancu Muntean, disse acreditar que a polícia não teria agido dessa maneira se a sua família não fosse cigana.
O ministro da Justiça irlandês, Alan Shatter, pediu explicações às autoridades sobre os dois casos, mas disse acreditar que os policiais tiveram as melhores intenções ao retirar as crianças dos pais. “A lei fornece poderes para as autoridades recolherem crianças que possam estar em perigo. Procedimentos urgentes são necessários para garantir a segurança de crianças quando questionamentos necessários estão sendo feitos. Embora os procedimentos possam estressar os pais, não invocar esse tipo de ação pode colocar em risco a segurança de uma criança”, justificou o ministro.