O campo de batalha do Iraque, onde os EUA já despejaram 600 bilhões de dólares (mais de duas vezes o PIB da Argentina) e perderam mais de 4.000 soldados (quase o dobro das vítimas do ataque às torres gêmeas em Nova York), virou campo de batalha política. O conflito no país árabe é um dos pontos que pode decidir a eleição presidencial americana de novembro, e polariza os dois rivais na disputa, o democrata Barack Obama e o republicano John McCain. A influência do futuro do conflito no pleito dos Estados Unidos é tema de uma reportagem da presente edição de VEJA.
Em viagem de uma semana, Obama visitou sete países e reservou dois dias ao Iraque. Passou por Bagdá e Basra, encontrou-se com as autoridades formais, incluindo o primeiro-ministro Nuri Kamal al-Maliki, e com as autoridades de fato, entre elas o general David Petraeus, comandante das forças americanas. Disse o que dissera antes: se eleito, vai acabar com a guerra, retirando as tropas americanas em dezesseis meses, ao ritmo de uma ou duas brigadas por mês.
Obama deixou o país levando na bagagem uma vitória inesperada. O primeiro-ministro iraquiano deu entrevista dizendo que apoiava a retirada de Obama, e foi abertamente pressionado pelo presidente George W. Bush a voltar atrás. Desdisse o que dissera, mas logo reafirmou o que desmentira. Conclusão: ele apóia o plano de Obama. Foi uma notícia ruim para o republicano John McCain, ele que já defendeu a permanência das tropas por um século, se necessário.
Em casa, irritadíssimo com a atenção da imprensa à viagem de Obama, McCain despejou um vídeo no YouTube satirizando a “paixão da mídia” pelo democrata (para quem se interessar, o vídeo chama-se Obama Love) e voltou a defender a idéia de que os americanos só podem deixar o Iraque quando a vitória sobre o terrorismo tiver sido completa.
Imagem – Por trás dos planos de retirada ou não das tropas está a disputa que interessa – a imagem. McCain tenta colar em Obama a silhueta de um político ingênuo e inexperiente no cenário mundial, portanto incapaz de comandar uma potência e uma guerra. Seu discurso não cai no vazio. Uma parte do eleitorado americano tem opinião semelhante. Por isso, a viagem de Obama foi cuidadosamente montada, para dar ao candidato um status presidencial e mostrar ao eleitor que ele é capaz de desfilar pelos salões da diplomacia internacional.
Descubra de que forma a guerra do Iraque pode definir a eleição presidencial, e quem já foi muito prejudicado por ela, na íntegra da reportagem (exclusiva para assinantes).