O Iraque decidiu fechar a penitenciária de Abu Ghraib, perto de Bagdá, tristemente célebre por ter sido um centro de tortura durante o regime de Saddam Hussein e um local no qual soldados americanos foram acusados de violarem os direitos humanos de prisioneiros, anunciou o Ministério da Justiça. Até o momento não foi divulgado se a decisão, motivada por problemas de segurança, é provisória ou definitiva. Abu Ghraib fica em uma área considerada perigosa, entre Bagdá e Fallujah, cidade sob controle do grupo jihadista Estado Islâmico no Iraque e Levante (EIIL) desde janeiro.
Os 2.400 presos, detidos ou condenados por terrorismo, foram transferidos para outros centros penitenciários do Iraque, informou o ministro da Justiça, Hasan al-Shamari. Durante o governo de Saddam Hussein, a prisão funcionava como um violento centro tortura onde morreram quase 4.000 detentos.
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Abu Ghraib ganhou fama internacional em 2004, quando foram divulgadas fotografias que mostravam soldados e policiais americanos em cenas de agressão e humilhação a prisioneiros. O relatório do Exército dos Estados Unidos, redigido pelo general George Fay, revelou que muitos abusos contra os prisioneiros iraquianos foram cometidos fora dos interrogatórios e por iniciativas próprias dos agressores.
Investigadores descobriram também que comandantes nas posições mais altas na administração do presídio sabiam dos abusos, mas não tomaram nenhuma atitude. O relatório disse ainda que outras oito pessoas, incluindo dois civis, sabiam dos abusos, mas não relataram o que ocorreu.
O documento concluiu que os abusos foram consequência de um “comportamento impróprio (de desumano a sádico) por parte de um pequeno grupo de soldados e civis moralmente corruptos, e falta de disciplina por parte dos líderes e soldados”. Depois que o escândalo de Abu Ghraib veio à tona, mais de dez militares foram condenados por abusos contra detentos com penas que variam de 90 dias a 10 anos de prisão.