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Curdistão, um ‘oásis’ em meio ao caos do Iraque

Região semiautônoma no extremo norte do país tem relativa estabilidade

Por Diego Braga Norte 26 jan 2014, 16h51

Enquanto xiitas e sunitas estão se matando e a província de Anbar é palco quase diário de ataques e atentados, o Iraque tem, ao menos, uma área com relativa estabilidade. No extremo norte do país, a região semiautônoma conhecida como Curdistão do Iraque pode ser considerada um oásis. “O Curdistão tem se desenvolvido como uma região democrática. Floresceu como um centro de crescimento econômico e prosperidade”, diz Brendan O’Leary, professor de política internacional e especialista em Iraque da Universidade da Pensilvânia. “Seu governo autônomo é estável e suas eleições são genuinamente livres e justas. É uma grande e significativa mudança pacífica”, acrescenta.

As vantagens destacadas pelo especialista possuem algumas raízes históricas que não devem ser desconsideradas. No Tratado de Versalhes, em 1919, logo após a I Guerra Mundial, diplomatas que redesenhavam as fronteiras da Europa, Norte da África e Oriente Médio tentaram, sem sucesso, criar uma nação paras os curdos. Com o fracasso da proposta, os curdos ficaram com sua população (hoje estimada em mais de 30 milhões de pessoas) apátrida morando em diferentes países, mas principalmente na Turquia, Irã, Iraque e Síria. Desde então, os curdos sofreram perseguições e entraram em muitas batalhas em praticamente todos os países em que estavam. Mas os constantes e seguidos conflitos aumentaram a união da etnia, que faz questão de preservar língua e cultura próprias.

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Os curdos e os iraquianos travaram muitos conflitos ao longo dos anos, como no período da I Guerra Curdo-Iraquiana (1961 – 1970), que terminou com um acordo que deu aos mais de 6 milhões de curdos autonomia administrativa, mas não independência. O tratado de paz não evitou a II Guerra Curdo-Iraquiana (1974 – 1975), mas, ao final dos conflitos, a autonomia se consolidou – situação que se mantém até os dias atuais. A força política dos curdos cresceu ainda mais durante a Guerra do Golfo (1991) e, principalmente, durante os anos da ocupação americana no Iraque, entre 2003 e 2011. (Continue lendo o texto)

Localização do Curdistão

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Hoje, a relação entre os curdos e o governo central de Bagdá alterna momentos de tensão aguda e tranquilidade. Atualmente, há uma queda de braço relacionada ao petróleo, com o governo central ameaçando punir a região semiautônoma por exportar o produto sem o consentimento de Bagdá.

O Curdistão do Iraque também não está livre de milícias impregnadas de extremismo religioso e ódio sectário – elas estão apenas mais inativas que os demais grupos armados do país. O povo curdo já sofreu muito sob o comando dos sunitas liderados por Saddam Hussein e não gostaria de passar por sofrimentos parecidos sob os xiitas de Nuri al-Maliki, atual primeiro-ministro do Iraque. Se uma vez provocadas, porém, restam poucas dúvidas que milícias curdas não hesitariam em voltar a agir, mesmo sob o custo de levar o país à fragmentação.

Turismo – Apesar dos atritos, a região consegue até mesmo fazer planos de se tornar um destino turístico internacional. Entre janeiro e agosto de em 2013 – os dados oficiais mais recentes – a região recebeu mais de 2,2 milhões de turistas. No final de 2012, a revista Time publicou uma reportagem na qual indicava o Curdistão do Iraque a área mais acessível do país para ser visitada. O texto apontava a existência de hotéis de luxo, spas, centros de compra e construções históricas a serem visitados. No texto, o chefe do órgão que cuida do turismo na região dizia que os planos eram de tornar o território um destino internacional em 2015.

A ambição pode esbarrar no caos em que o Iraque está mergulhado, mas é fato que a região merece comentários específicos nas recomendações a viajantes feitas pelos governos britânico e americano. No caso do primeiro, o alerta a viajantes informa que “a região tem um ambiente de segurança muito diferente do resto do Iraque” e que “ataques terroristas nas províncias de Erbil, Sulaymaniyah e Dohuk são raros”. Adverte, no entanto, para a ocorrência de atentados contra alvos oficiais e forças policiais ocorridos em setembro e dezembro de 2013 e janeiro de 2014. O alerta do Departamento de Estado americano é mais cauteloso. Diz que, apesar de terem havido significativamente menos ataques terroristas na região, em comparação com outras partes do Iraque, “a situação continua perigosa”.

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