Teerã, 6 dez (EFE).- Os iranianos celebram nesta terça-feira, no décimo dia do mês muçulmano de Muharram, a festa da ‘Ashura’, que lembra o martírio de Hussein, o terceiro imame dos xiitas e neto do profeta Maomé, e não há informações de incidentes violentos como os ocorridos em países vizinhos.
Lideradas por bandeiras negras com o nome de Hussein, procissões de penitentes em trajes de luto percorrem desde a segunda-feira à noite as ruas de todas as cidades e povoados do Irã.
Os penitentes, muitos com faixas verdes na cabeça, acompanhados pelo ritmo fúnebre de grandes tambores, se flagelam simbolicamente durante a marcha, em um ato que não chega a registrar a fúria de antes, quando alguns dos participantes feriam-se com uma gravidade que chegava até a causar a morte.
Com grandes concentrações nas mesquitas e procissões de poucas dezenas de penitentes em ruas e bairros, as cerimônias contam com a participação de idosos e crianças, em um país com cerca de 90% de população xiita e governado pelo único regime islâmico desta tendência do mundo.
Nas ruas de Teerã, inúmeros postos instalados por cidadãos e irmandades de penitentes oferecem chá, refrescos e comida gratuita a quem pede, em um dia ensolarado e frio de inverno no qual a atividade da cidade se limita à celebração religiosa.
Uma das maiores concentrações de fiéis em Teerã acontece nesta noite na mesquita do imame Khomeini, no centro da cidade, onde milhares de pessoas, separadas em grupos de mulheres e homens e todas vestidas de preto, acendem cada uma sua vela na cerimônia de ‘Sham e Ghariban’ (noite dos forasteiros).
Enquanto neste ano não foram informados incidentes no Irã durante a Ashura, em 2010 pelo menos 30 pessoas morreram e outras 50 ficaram feridas em um atentado suicida perpetrado pelo grupo terrorista sunita Jundullah contra uma mesquita na cidade portuária de Chabahar, nas proximidades da fronteira com o Paquistão.
Já em 2009, pelo menos oito pessoas morreram durante as celebrações da Ashura na repressão dos protestos contra a reeleição, ocorrida meses antes, do presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, que a oposição qualificou de fraudulenta. EFE