Iraniana pega dois anos de prisão por tirar o véu em público
Legislação do Irã proíbe mulheres de mostrar o cabelo em público desde 1979
Uma iraniana que tirou seu véu em público foi condenada a dois anos de prisão na quarta-feira. A Promotoria de Teerã não forneceu a identidade da mulher, mas afirmou que ela pretende recorrer da sentença.
Segundo o procurador Abbas Jafari Dolatabadi, a mulher tirou o véu em uma rua de Teerã para “encorajar a corrupção moral”, de acordo com a agência de notícias local Mizan Online.
A iraniana poderá pedir liberdade condicional após três meses de pena. Dolatabadi também criticou o que chamou de uma pena “leve” e disse que iria pressionar os juízes responsáveis pelo caso para que ela cumprisse os dois anos encarcerada.
Mais de 30 mulheres iranianas foram presas desde dezembro por tirar seus véus em público como forma de protesto. A maior parte delas já foi solta, mas algumas enfrentam sérios problemas legais.
A lei vigente no Irã desde a Revolução Islâmica de 1979 exige que as mulheres saiam às ruas com um lenço sobre suas cabeças e seus corpos cobertos por roupas “modestas”, preferencialmente longas, mas que, no mínimo, cubram os joelhos, os ombros, o colo e o cotovelo.
O zelo da polícia – na realidade, dos basijis, a polícia religiosa do país — na aplicação desta lei, no entanto, diminuiu consideravelmente nos últimos anos. Um número crescente de mulheres em Teerã e outras grandes cidades do país exibe claramente seus cabelos.
Em alguns bairros da capital podem-se ver, inclusive, mulheres ao volante e com o véu caído sobre os ombros.
Dolatabadi afirmou que alguma “tolerância” é possível, mas afirmou que é necessário agir “com força contra pessoas que deliberadamente questionam as regras sobre o véu islâmico”.
Protestos
Em dezembro, mais de 30 mulheres foram detidas por participar de uma onda de protestos contra o uso obrigatório do véu. Diversas fotos foram publicadas nas redes sociais de iranianas na rua com a cabeça descoberta e o véu pendendo em uma vara como desafio.