Irã coloca seu segundo satélite em órbita, diz TV estatal
EUA temem uso militar da tecnologia balística de lançamento de satélites
O Irã colocou em órbita com sucesso um segundo satélite construído pelo país, o Rasad 1, informou a televisão iraniana de língua árabe Al-Alam nesta quarta-feira. Em fevereiro de 2009, a República Islâmica havia lançado seu primeiro satélite de fabricação própria, o Omid. Segundo o governo do país, o Rasad 1 será usado para transmitir imagens e previsões meteorológicas.
Contudo, os Estados Unidos e seus aliados temem que a tecnologia balística de longo alcance utilizada para colocar satélites em órbita possa também ser usada para lançar ogivas nucleares. O Irã, porém, alega que seu programa nuclear tem o objetivo de apenas gerar eletricidade.
Em fevereiro, o país havia anunciado que lançaria vários satélites até março de 2012. “Acredito que o fim deste ano (o ano iraniano termina em 20 de março) e o próximo ano serão os anos de lançamentos múltiplos de satélites”, declarou o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, na ocasião.
Rússia – Também nesta quarta-feira, o presidente russo, Dmitri Medvedev, pediu a Ahmadinejad mais transparência e uma cooperação mais construtiva sobre seu programa nuclear, segundo o ministro das Relações Exteriores, Serguei Lavrov. A declaração ocorre pouco mais de um mês após o Kremlin informar que entregou 30 toneladas de combustível para abastecer a primeira usina nuclear do Irã, que fica na cidade portuária de Bushehr.
Medvedev teve um encontro com Ahmadinejad à margem da reunião de cúpula da Organização de Cooperação de Xangai, que ocorre na capital do Cazaquistão. “Este problema passou para o segundo plano, pois os outros participantes no processo de negociações estão aparentemente muito ocupados com o Oriente Médio e a África do Norte”, disse Lavrov. “Apesar de também estarmos preocupados com o que acontece na região, consideramos que não se deve esquecer o bloqueio que há ao redor do programa nuclear iraniano”, acrescentou.
Histórico – A discussão sobre as intenções do Irã com a energia nuclear já é antiga. Em junho de 2010, o Conselho de Segurança da ONU aprovou sanções contra a República Islâmica, pela quarta vez desde 2006, para tentar convencer Teerã a suspender suas atividades nucleares sensíveis. O Brasil votou contra a medida.
Pouco antes, o governo brasileiro e a Turquia haviam concluído um acordo com o Irã, prevendo a troca, em Ancara, de 1.200 quilos de urânio iraniano enriquecido a 3,5% por 120 quilos de combustível enriquecido a 20%, fornecido pelas grandes potências e destinado ao reator nuclear de finalidades médicas de Teerã.
Mas a proposta foi recebida friamente pelas grandes potências, que viram nisso uma manobra do Irã. Os aiatolás, contudo, insistem que seus interesses na tecnologia são meramente pacíficos.
(Com agências Reuters e France-Presse)