A temporada de furacões assombra todo ano o paradisíaco cenário verde-esmeralda das Bahamas em uma vasta janela que vai de junho a novembro. Mesmo com esse histórico, o arquipélago caribenho poucas vezes viu algo como o tufão que varreu 13 000 casas, deixou 60 000 pessoas sem água nem comida e havia matado vinte (com previsão de muito mais) até a quinta-feira 5, quando chegava à Costa Leste americana.
O furacão Dorian tornou-se o segundo de maior potência já registrado sobre o Oceano Atlântico. Desde 1988 aquelas ilhas não eram alvo de um fenômeno natural tão “apocalíptico”, como definiram os meteorologistas. Primeira ilha atingida, Ábaco ficou com parte de seu território submersa — os barcos expulsos do mar pelas águas turbulentas, que inundaram hospitais e escolas, davam o tom do caos.
O ápice da força destruidora do Dorian (a categoria 5, a máxima na escala dos furacões) durou cerca de dezoito horas quase ininterruptas, a partir do domingo 1º. Ele chegou a alcançar 298 quilômetros por hora. Depois, foi sendo rebaixado para o nível 4, em seguida para o 3 — e com essa classificação se direcionou para os EUA. De sobreaviso, os aeroportos e os parques da Disney fecharam em Orlando, na Flórida, onde os serviços de transporte foram suspensos. Outros estados também se preparavam para o pior.
O presidente Donald Trump, autor de 122 tuítes sobre o assunto, se referiu ao Dorian como “o monstro”. Uma ala de cientistas acredita que, com o avanço do aquecimento global, cresce o risco de que mais furacões como ele deem as caras pelo planeta.
Publicado em VEJA de 11 de setembro de 2019, edição nº 2651