Ieng Sary, ex-ministro das Relações Exteriores do Khmer Vermelho, morreu nesta quinta-feira, aos 87 anos. Hospitalizado desde o dia 4 de março, Sary enfrentava julgamento em um tribunal internacional por seu papel no regime totalitário responsável pelo extermínio de dois milhões de pessoas no Camboja. O ex-chanceler era acusado de genocídio e crimes contra a humanidade.
Leia mais: Sobrevivente relembra período de fome e terror durante regime de Pol Pot
Cunhado de Pol Pot, o líder do Khmer Vermelho, Sary comandou a diplomacia do regime maoísta que deteve o poder no Camboja entre 1976 e 1979, quando um quinto da população do país pereceu devido à evacuação forçada dos moradores das cidades para o campo e às execuções arbitrárias de qualquer cidadão considerado inimigo da revolução – principalmente intelectuais, minorias étnicas e aliados do antigo governo.
Banco dos réus – O ex-chanceler era julgado em Phnom Penh por um tribunal apoiado pelas Nações Unidas. Outros líderes do Khmer Vermelho que enfrentam o banco dos réus são o ex-chefe de Estado Khieu Samphan, de 81 anos, e o ideólogo do regime, Nuon Chea, 86 anos.
No ano passado, o chefe torturador do grupo, Kaing Guek Eav, conhecido como Duch, foi condenado à prisão perpétua por sua responsabilidade na morte de cerca de 16 mil pessoas no centro de detenção e torturas de Tuol Sleng, em Phnom Penh.
Considerado o líder supremo Khmer Vermelho, Pol Pot nunca foi julgado por suas atrocidades: o ditador morreu em 1998, foragido na selva do norte do Camboja onde comandava uma guerrilha maoísta. O regime de terror instaurado pelo Khmer Vermelho chegou ao fim em 1979, derrotado pelo exército vietnamita.
(Com agências France-Presse e EFE)