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Identificada a menina fotografada no atentado de Cabul

Por Por Katherine Haddon e Mushtaq Mojaddid
12 dez 2011, 13h16

A menina afegã vestida de verde, que aparece gritando entre as vítimas de um atentado contra os xiitas em Cabul, numa fotografia que percorreu o mundo, chama-se Tarana, de 12 anos, que se recupera de ferimentos leves na casa de seus pais.

Tarana (que significa ‘melodia’, em persa) ficou levemente ferida na perna, no ataque cometido por um terrorista suicida, no dia 6 de dezembro passado, que deixou 80 mortos.

Sete pessoas de sua família morreram, entre elas o irmão mais novo Shoaib, de sete anos. Suas irmãs Sunita, de 15 anos, e Sweeta, de quatro, ficaram gravemente feridas e estão hospitalizadas.

O pai de Tarana, Ahmad Shah Akbari, de 37 anos, vendedor de hortaliças, não estava no local no dia do atentado, mas sua mãe, Bibi Hava, ainda tem estilhaços nos braços e nas pernas.

Como todas as meninas, Tarana gostava de brincar de esconder com suas amigas, mas agora passou a ficar parada, com o olhar fixo no teto, numa casa onde o frio é combatido a duras penas com um pequeno fogão elétrico. Vive no bairro de Murad Khani, na periferia de Cabul.

Seu sonho é ser professora, embora, no Afeganistão, entre 1996 e 2001, os talibãs proibiam as mulheres de trabalhar, e as meninas nem podiam, sequer, ir à escola.

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Tarana lembra-se do dia em que foi, com outros 16 parentes ver as manifestações do Ashura, uma das festas sagradas xiitas, culto professado por sua família. A jovem pôs o melhor vestido, de um verde brilhante, para participar dos festejos, porque é a cor do Islã.

Mas a terrível explosão transformou as comemorações em tragédia. “Quando pude me levantar, vi todos em volta de mim deitados ao chão, cobertos de sangue. Fiquei muito, mas muito aterrorizada”, relatou ela à AFP, que conseguiu localizá-la.

O fotógrafo Masud Hoseini, do escritório da AFP em Cabul, chegou instantes depois da explosão e conseguiu fotografar a menina, vestida de verde, que gritava de terror com a roupa suja de sangue e as mãos abertas em sinal de impotência e desespero. Estava rodeada de corpos.

Entre os mortos e feridos em torno dela estavam seu irmão Shoaib, seu primo Abvas, dois outros primos afastados, Hasan e Sohail, de 3 e 4 anos, assim como suas tias Nasreen, de 65, Malalai, de 45, e Nazira, de 30.

“Pouco a pouco, comecei a reconhecê-los, e não conseguia parar de gritar, porque vi que estavam mortos ou estavam morrendo”, contou.

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“Agora meu coração está despedaçado, minha família nunca mais vai se reunir e isso me entristece. Odeio este país onde as pessoas não fazem outra coisa senão morrer”, desabafou.

Na casa de Tarana também está Khan Akbari, de 27 anos, pai do pequeno Abbas, morto no atentado. Veio trazer um pouco de chá e comida para os pais de Tarana. “Nada mais me importa, disse. Gostaria que aparecesse outro suicida para me matar”, confessou.

Zabi Azimi, um outro parente, não entende o quê o suicida queria. “Um verdadeiro muçulmano não faria jamais isso, seja sunita ou xiita. Havia muitas mulheres e crianças inocentes que nada têm a ver com a política ou a guerra”.

O fotógrafo Hosaini contou que o suicida acionou os explosivos muito perto do local onde tirava suas fotos. “Quando me levantei, a fumaça começou a se dissipar, vi que estava no meio de um círculo de corpos. Só consegui chorar e sair tirando fotos em minha volta”.

Em determinado momento, “virei para a direita e vi essa menina, vestida de verde. Quando ela entendeu o que aconteceu com os irmãos, primos e familiares, começou a gritar”.

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