Paris, 3 mai (EFE).- O candidato socialista à presidência francesa, François Hollande, recebeu nesta quinta-feira o apoio do deputado François Bayrou (que ficou em quinto lugar no primeiro turno das eleições), e com isso reforçou sua condição de favorito para a votação de domingo frente ao atual presidente Nicolas Sarkozy.
Um dia depois do debate com Sarkozy e a três dias da votação, Hollande realizou hoje seu último grande comício em Toulouse, cidade onde tradicionalmente a esquerda costuma encerrar sua campanha. O grande fato do dia, no entanto, foi a decisão de Bayrou.
O político centrista, tradicional aliado da direita, afirmou que votaria em Hollande, mas frisou de que se tratava de uma escolha pessoal e não pediu para seus eleitores optarem pelo socialista.
François Bayrou teve pouco mais 3,2 milhões de votos no primeiro turno das eleições (9,13% do total), realizadas em 22 de abril.
O deputado chegou a participar do governo de Sarkozy no início dos anos 90, mas se recusou a apoiar o atual presidente devido a sua guiana para a extrema-direita, o que foi feito com o objetivo de conquistar os eleitores da Marine Le Pen, que obteve 6,5 milhões de votos (18%) no primeiro turno.
Segundo Bayrou, essa tendência trouxe para o debate assuntos como imigração e fronteiras, o que pode provocar ‘enfrentamentos entre os franceses’.
‘A linha de Sarkozy é violenta e entra em contradição com meus valores, da minha corrente política e do gaullismo (ideologia baseada nas ideais do ex-presidente Charles de Gaulle)’, afirmou.
Bayrou assegurou que não votaria em branco no momento delicado que atravessa a França, por isso optou por Hollande, apesar de ter muitas diferenças com o socialista, principalmente em relação ao seu programa econômico, que considera pouco rigoroso.
O político centrista pediu para que Hollande se esqueça dos partidos e faça um governo de união nacional que reúna os melhores de cada corrente política.
Caso contrário, Bayrou anunciou que fará oposição ao governo. Com o anúncio do deputado, Hollande reuniu o apoio da maior parte dos candidatos derrotados no primeiro turno, com exceção da ultradireitista Marine Le Pen, que anunciou nesta terça-feira que votará em branco.
O candidato socialista já tinha o apoio do esquerdista Jean-Luc Mélenchon, quarto lugar no primeiro turno com 11,11 % dos votos; da candidata verde Eva Joly, que obteve 2,31% dos votos; e do resto dos representantes da esquerda.
Todas as pesquisas divulgadas até o momento dão para Hollande uma vantagem entre cinco e dez pontos sobre Sarkozy.
As enquetes indicam, no entanto, que o atual presidente diminuiu a distância nos últimos dias. Na última pesquisa, publicada hoje, a vantagem de Hollande é de cinco pontos. O socialista perdeu 1,5 pontos em relação às pesquisas anteriores.
Uma das chances para Sarkozy reverter o quadro definitivamente, o debate televisivo de ontem, não serviu como um fator capaz de mudar os prognósticos das eleições.
Uma pesquisa revelou que 42% dos franceses consideraram Hollande melhor no debate, enquanto 34% preferiram Sarkozy.
Hollande, seguindo os passos de François Mitterrand, único presidente socialista eleito por sufrágio universal na França, encerrou a campanha em Toulouse e evitou o excesso de confiança.
‘Apesar das enquetes nos apontar como vencedores, nada está definido. Deve-se buscar a vitória, merecê-la, conquistá-la, arrancá-la das mãos da direita para oferecê-la para todo o povo’, discursou.
Sarkozy realizou seu último grande comício de sua campanha na cidade de Toulon, tradicionalmente conservadora, onde criticou muito seu rival, principalmente sua intenção de renegociar o tratado europeu de austeridade.
‘Mudar o acordo agora significaria reviver a crise de confiança, seria uma loucura’, alertou Sarkozy. EFE