Hamas não esclarece se mortos eram civis ou militantes do grupo
Hamas diz não "empurrar pessoas" para a morte; grupo islâmico teria considerado cinquenta civis palestinos mortos como seus membros
Um dos comandantes do Hamas, Salah al Bardawee, rebateu nesta quarta-feira a acusação de Israel de que o grupo islâmico teria se utilizado de civis em seu próprio benefício. “Não se pode dizer que o Hamas recolha os frutos e empurre as pessoas para a morte quando cinquenta de seus membros morreram”, argumentou, em entrevista ao canal de televisão palestino Baladna.
Segundo o Hamas, o total de mortos nas manifestações dos últimos dias chegou a 62. Essas pessoas foram mortas por soldados israelenses durante uma manifestação na fronteira de Gaza com Israel contra os setenta anos de independência do país vizinho, em 1948, que provocou o deslocamento de 750.000 palestinos.
O próprio Hamas, entretanto, causou confusão ao designar cinquenta dos 62 palestinos mortos como seus membros. Enquanto Al Bardawee fazia essa afirmação e agregava que os doze restantes eram civis, o porta-voz do Hamas em Gaza, Fawzi Barhoum, explicava que os cinquenta não eram militantes, mas tinham sido incorporados ao grupo depois de morrer. A adoção significa que o grupo islâmico, que controla politicamente a Faixa de Gaza, assumiu o custo de seus funerais e prometeu uma compensação econômica às suas famílias. Mas o Ministério do Interior, em Gaza, disse que dez dos seus membros morreram nos protestos e publicou suas fotos e nomes.
O tenente-coronel Jonathan Conricus, porta-voz do Exército israelense, divulgou as declarações de Bardaweel no Twitter. Afirmou, no texto, que “um alto oficial do Hamas esclarece a verdade sobre quem morreu nos últimos distúrbios orquestrados pelo Hamas”. “Cinquenta dos 62 mártires eram do Hamas. Acreditem em sua palavra. Isto não foi um protesto pacífico”, acrescentou o militar.
O Exército israelense afirmou em comunicado que pelo menos 24 dos mortos em Gaza eram “terroristas com antecedentes documentados de terror”. Em sua grande maioria, “membros ativos da organização terrorista Hamas, e alguns membros ativos da Jihad Islâmica”.
Israel garante que os protestos de segunda-feira não foram pacíficos, mas “distúrbios orquestrados pelo grupo terrorista Hamas” para atacar a cerca divisória e infiltrar em seu território para cometer ataques.
As manifestações na fronteira de Gaza com Israel tiveram como motivação a Nakba (catástrofe em árabe), a forma como os palestinos designam a fundação do Estado de Israel. O movimento foi engrossado pela inauguração da embaixada dos Estados Unidos em Jerusalém que, na prática, simboliza o reconhecimento da cidade como capital de Israel. A Autoridade Palestina reivindica Jerusalém Oriental como sua capital.
Boa parte da comunidade internacional pediu nesta semana a Israel para conter o uso da força. Além dos 62 mortos, 2.700 palestinos ficaram feridos nas manifestações de segunda-feira.
(Com EFE)