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Hamas abafa manifestação na fronteira com Israel

Protestos deram lugar a funerais na Faixa de Gaza; Israel teme reações de palestinos na primeira sexta-feira do Ramadã

Por Tamara Schipper, de Israel
Atualizado em 15 Maio 2018, 19h04 - Publicado em 15 Maio 2018, 17h29

Quando o morador da Faixa de Gaza, Sami Muhamad Abad, se somou ontem aos protestos dos palestinos na fronteira com Israel, junto com seus três filhos, não tinha a mínima ideia da dimensão que as manifestações tomariam. De fato, ninguém poderia prever um massacre.

Foram sessenta mortos e 2.771 feridos, dentre os quais 225 menores, somente ontem. Mais palestinos morreram nesse confronto com o Exército israelense do que nos últimos quatro anos, desde o início da Operação Margem Protetora.

Abad disse ter ultrapassado sua cota de esperança e não acreditar mais em uma “luz no fim do túnel”, em entrevista ao telejornal do Canal 10, de Israel. Em sua opinião, Israel e o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, são os responsáveis pela “criação” do grupo Hamas, facção militar que adquiriu status de partido político e que controla a Faixa de Gaza desde 2006.

Essa foi uma das razões que o levaram a protestar na fronteira de Gaza, junto com os milhares que se manifestavam desde meados de abril contra a Nakba (catástrofe, em árabe). Nakba é como os palestinos  designam o dia da independência de Israel e a consequente guerra entre árabes e israelenses, em 1948. Os conflitos levaram 750.000 palestinos ao deslocamento e ao refúgio no exterior.

Para Abad, os palestinos estão “presos” em Gaza pelo Hamas, pelo Egito e por Israel, como em um cerco sem saída. Ontem, o governo egípcio abriu a sua fronteira com a Faixa de Gaza por razões humanitárias. Pela manhã, Israel fizera o mesmo. Mas, no dia a dia, ambas as fronteiras estão fechadas.

Depois do dia violento, o Hamas ordenou hoje o desmantelamento das barracas de acampamento que haviam sido armadas na fronteira para o apoio aos manifestantes. Sua intenção seria baixar a chama dos protestos para evitar mais mortes. Mas não houve explicações oficiais, e há dúvidas sobre o objetivo do Hamas ao incentivo – e depois, desestímulo – a essas manifestações.

De fato, as manifestações em Gaza acabaram transferidas para os funerais de parte dos sessenta palestinos mortos na segunda-feira pelos forças israelenses. Parentes e amigos de dois mortos cantavam, durante as cerimônias fúnebres: “Com as nossas almas e sangue, nós resgatamos vocês, mártires”.

Entre os sepultados estava a bebê Laila al-Ghandour, de 8 meses, que morreu em decorrência da inalação de gás lacrimogêneo atirado pelos soldados israelenses para dispersar os protestos.

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Bebê morto durante confrontos na Faixa de Gaza
Laila al-Ghandour, bebê de 8 meses morto durante confrontos na Faixa de Gaza (Mohammed Salem/Reuters)

Com mais dois palestinos mortos hoje em Gaza, os protestos tomaram outro rumo. Segundo especialistas israelenses, o Hamas conseguiu as manchetes dos jornais e televisões mundo inteiro para a causa palestina. Outros analistas acreditam nos efeitos da pressão do Egito, que esteve em contato tanto com palestinos como israelenses na segunda-feira. 

Para esta terça-feira estava planejado um protesto em Gaza com cerca de 100 .000 manifestantes, lembrando o Dia da Nakba. Mas a manifestação não aconteceu. Os palestinos da Cisjordânia foram mais ávidos nas manifestações desta terça do que os da Faixa de Gaza. Atiraram pedras e queimaram pneus em pontos da zona de fronteira. Ainda assim, os protestos de hoje reuniram centenas em várias localidades da Cisjordânia, não um contingente de 40.000, como em Gaza ontem.

Os israelenses continuam em alerta porque, no entardecer de hoje, começa o Ramadã, o período sagrado para os muçulmanos, que observam jejum durante o dia. A preocupação maior está centrada nas orações da primeira sexta-feira do Ramadã, dia 18, quando haverá uma concentração de palestinos na mesquita de al-Aqsa, em Jerusalém.

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