Jesús Sanchis.
Porto Príncipe, 13 jan (EFE).- O Haiti lembra nesses dias o devastador terremoto que sofreu há dois anos por meio de vários atos oficiais, mas também com atividades culturais, como uma impactante exposição de fotos que reproduz algumas das tristes cenas que aconteceram durante os tremores.
As imagens, que podem ser vistas a partir desta sexta-feira até 25 de fevereiro, mostram o estado em que permaneceram os prédios e as ruas, soterrados sob montanhas de escombros, mas também a angústia das pessoas, paralisadas pelo terror e pela impotência.
Existe, no entanto, um espaço para imagens que transmitem mensagens positivas, como os cidadãos que trabalharam na retirada dos escombros e na limpeza das ruas, assim como as de pessoas que foram amputadas e lutaram para voltar a andar.
O país caribenho relembrou nesta quinta-feira o fatídico 12 de janeiro de 2010, quando um terremoto de 7,3 graus de magnitude na escala Richter deixou mais de 300 mil mortos, outros milhares de feridos e 1,5 milhão de desabrigados em Porto Príncipe e em cidades próximas.
Com o título ‘Uma lembrança para o progresso’, a mostra do Museu do Panteão Nacional Haitiano (Mupanha) exibe 50 imagens feitas por 17 fotógrafos profissionais e estrangeiros com o propósito de lembrar o ocorrido e tentar conscientizar a população.
‘O que queremos é lembrar ao povo que nosso solo é sísmico e devemos tratá-lo de uma forma diferente do que havia sido construído’, disse à Agência Efe a diretora de comunicação do museu, Martine Bruno.
Segundo ela, a ideia é ‘reconstruir de outra forma e tomar consciência da importância que isso tem, pois, se o terremoto fez tantas vítimas, foi principalmente pelo modo de construção’.
A instituição fará campanhas de sensibilização para atrair o público a visitar a exposição, que deve ser presenciada em sua maioria por grupos de estudantes.
A diretora geral do museu, Michele Gardere, explica no folheto da exposição que a intenção é permitir a lembrança e lamentar a morte das pessoas na tragédia, mas também perceber a importância do drama, ver o caminho percorrido, o que está pela frente e olhar para o futuro.
As fotos são acompanhadas de pequenos textos que explicam como duraram os 35 segundos de tremores na vida dos haitianos. Um exemplo é o fotógrafo Marc Lee Sted, autor de uma das imagens, que mostra a capital haitiana submersa sob uma gigantesca nuvem de pó dez minutos após o terremoto.
‘A escada ficou muito pesada sob meus pés. Meu filho gritava, depois de ter sido jogado ao chão. A água da piscina estava literalmente no ar. Olhei para o horizonte e vi pequenas nuvens de fumaça cinza se formando por todas as partes (…). Sabia que algo muito grave havia acabado de acontecer. Em seguida, pensei no dia 11 de setembro (de 2001)’, escreve o fotógrafo, referindo-se aos atentados terroristas nos Estados Unidos.
O museu, mesmo local que recebe as cinzas de heróis da independência haitiana, como Jean-Jacques Dessalines e Alexandre Pétion, entre outras lembranças, coloca também na exposição valiosos objetos do patrimônio haitiano que foram recuperados no Palácio Nacional após o terremoto.
Entre esses restos estão a placa inaugural do palácio, um busto de Pétion, uma lâmpada e um poste de luz. Além disso, também se expõe o escudo de armas do Haiti, recuperado no Parlamento após o terremoto pelo Instituto de Segurança do Patrimônio Nacional (Ispan). EFE