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Há vida em Budapeste

O governo de ultradireita já cometeu abusos contra a democracia sem perder popularidade. Mas a aprovação de horas extras sem pagamento levou o povo às ruas

Por Carol Zappa
Atualizado em 21 dez 2018, 07h00 - Publicado em 21 dez 2018, 07h00

A imagem pode ser comum em quase toda parte (a França que o diga), mas em Budapeste as cerca de 15 000 pessoas que foram às ruas no domingo 16 protestar contra o governo ultradireitista do primeiro-ministro Viktor Orbán causaram uma surpresa e tanto. Orbán está no poder desde 2010 e vem a partir de então solapando firme e consistentemente as instituições democráticas, com pleno apoio da população — na eleição de abril, seu partido, o Fidesz, teve mais de 50% dos votos. A medida aprovada pelo Parlamento que enfim tirou a multidão de casa nem é política, mas mexe no bolso: em nome da necessidade de aplacar uma escassez de mão de obra, ela dá a empregadores o direito de exigir até 400 horas extras por ano sem pagar um tostão a mais aos funcionários.

Junto com a “lei da escravidão”, como foi apelidada, o Parlamento aprovou a criação de uma espécie de sistema judiciário paralelo, cujo objetivo é enfraquecer ainda mais o tradicional. A fragmentada oposição resolveu se manifestar. Um grupo de parlamentares invadiu a sede da maior rede de televisão do país, a MTVA, e disse que só sairia depois que fossem lidas no ar cinco reivindicações. Acabaram removidos à força pela polícia 24 horas mais tarde. A televisão nem sequer noticiou a invasão, prova do controle que Orbán instaurou na mídia em geral.

Pelo sucesso de sua investida direitista com alta voltagem xenófoba, o primeiro-ministro é visto como inspiração da onda conservadora que varre a Polônia, a Itália e a Áustria, respingando na Holanda, na França e até no Brasil de Jair Bolsonaro — passando, claro, pelos Estados Unidos de Donald Trump, que inúmeras vezes já disse admirar o líder húngaro. “O controle de Orbán não está em xeque, mas isso pode mudar a longo prazo se a oposição superar suas divisões internas”, diz o cientista político francês Yves Mény. Sem se abalar, o governo creditou a ação a “grupos liberais sem apoio popular” e seguiu em frente em sua jornada contra a democracia.

Publicado em VEJA de 26 de dezembro de 2018, edição nº 2614

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