Após o anúncio do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de que pretende estabelecer taxas de até 25% para a importação de aço e alumínio, o diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), o brasileiro Roberto Azevêdo, alertou nesta segunda-feira que responder com “olho por olho” a restrições comerciais é muito perigoso e que uma guerra comercial como consequência de decisões protecionistas poderia levar o mundo a uma “profunda recessão”.
“À luz dos recentes anúncios sobre medidas de política comercial, é claro que agora vemos um risco muito maior e real de desencadear uma escalada de barreiras comerciais em todo o mundo”, afirmou Azevêdo em uma reunião especial para tratar das recentes tensões comerciais.
Na quinta-feira, Trump anunciou que os Estados Unidos devem formalizar nesta semana a imposição de tarifas de importação de 25% sobre o aço e de 10% sobre o alumínio, causando profundas irritações em importantes aliados. União Europeia, Canadá e Austrália anunciaram que pretendem impor medidas retaliatórias caso as tarifas entrem em vigor.
Trump rebateu no sábado que se houver retaliação por parte do bloco europeu, ele irá impor tarifas sobre a importação de carros da Europa. O anúncio do presidente juntamente com as promessas de retaliações despertou o medo de uma guerra comercial global. O presidente americano chegou a afirmar, pelo Twitter, que “guerras comerciais são boas” e que são fáceis de ganhar “quando um país está perdendo vários bilhões de dólares em comércio com praticamente todos os países com os quais faz negócios”.
“Não podemos ignorar este risco e peço a todas as partes que considerem e reflitam profundamente sobre esta situação. Uma vez que tomarmos esse caminho, será muito difícil mudar de direção. O olho por olho nos deixará todos cegos e o mundo em uma profunda recessão”, acrescentou o diplomata brasileiro. “Temos de fazer um esforço para evitar a queda das primeiras peças do dominó. Ainda temos tempo”, comentou Azevêdo, mostrando a profunda preocupação da OMC, o órgão que rege o comércio mundial.
O secretário de comércio dos Estados Unidos, Wilbur Ross, indicou que o pronunciamento do presidente sobre as tarifas deve de fato ocorrer esta semana e descartou possíveis consequências retaliatórias.
(Com EFE)