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Greves e instabilidade econômica marcam um ano da queda de Mubarak

Militantes fazem manifestações contra o exército e convocam a população a uma paralização geral

Por Da Redação
11 fev 2012, 11h05

O primeiro aniversário da queda do presidente egípcio Hosni Mubarak foi marcado neste sábado por uma convocação à greve geral por parte de militantes pró-democráticos para pressionar o exército a abandonar o poder. Vários grupos, incluindo “Os jovens de 6 de abril”, que contribuíram para lançar a revolta contra o ex-presidente, convocaram a população a aderir à paralisação.

Um ano depois da demissão de Mubarak, forçada pela pressão popular, os militantes que provocaram sua queda exigem agora que o exército, acusado de perpetuar o antigo regime e de reprimir o movimento pró-democrático, repasse o poder aos civis.

Os estudantes organizam manifestações em várias universidades do país e na Praça Tahrir, no Cairo, epicentro da contestação, para exigir a saída do poder do Conselho Supremo das Forças Armadas (CSFA), a quem Mubarak entregou as rédeas do país quando se demitiu. “Faço greve porque a situação do país é ruim. Não há qualquer diferença entre o conselho militar e Mubarak”, afirmou à AFP Mahmud Magdy, estudante de economia da Universidade Aïn Shams.

A convocação à greve divide a população e as forças políticas. A Irmandante Muçulmana, que domina o parlamento recentemente eleito, é contrário a ela, assim como inúmeros cidadãos que se queixam da degradação da economia e da crescente insegurança.

Depois dos chamados à mobilização, o exército anunciou que se posicionaria em todo o país para garantir a segurança. Contudo, o exército egípcio alertou que não cederá às “ameaças nem às pressões” e afirmou que o país é vítima de complôs.”Estamos enfrentando complôs contra a nação (…) que buscam fazer o estado cair para que reine o caos”, afirmou o exército em nota.

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Em 11 de fevereiro de 2011, depois de 18 dias de uma revolta social sem precedentes contra o regime, o então vice-presidente Omar Suleiman anunciou em uma mensagem televisiva de menos de um minuto de duração a demissão de Mubarak. Aclamada pela população, a junta formada por generais que o sucederam no poder prometeu facilitar a passagem para a democracia e entregar o poder aos civis. Mas hoje é acusada de manter seus privilégios e continuar influenciando a vida política.

Economia em frangalhos – Além da instabilidade política, a degradação da economia egípcia constitui uma séria ameaça para a transição de poder do país. Com uma taxa de crescimento em torno de 1% a 2%, contra 5 a 7% em anos anteriores, o governo espera do Fundo Monetário Internacional e de outros organismos financiadores uma ajuda considerada crucial para evitar uma explosão social. “Um ano depois da revolução, a economia se encontra em estado anárquico, fora de controle”, estima Salah Goda, diretor do Centro de Investigações Econômicas do Cairo.

A renda do vital setor do turismo apresentou em 2011 uma queda de 30% (4 bilhões de dólares), segundo estatísticas oficiais, consideradas por muitos operadores como inferiores à realidade. Com um mercado interno de 82 milhões de habitantes, o Egito tem tido suas notas regularmente reduzidas pelas agências de classificação – a nota da Standard and Poor’s passou de B+ para B na sexta-feira.

No centro das preocupações estão as reservas de divisas do banco central, que passaram de 36 bilhões de dólares em janeiro de 2011 para 16,3 bilhões um ano mais tarde. Essa diminuição, somada a um déficit orçamentário de 8,7% do PIB – ou 10% como querem alguns economistas – tem gerado temores de que o país já não possa pagar suas importações nem manter seu custoso sistema de subvenções dos produtos básicos.

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O dispositivo permite manter muito baixos os preços da gasolina, o pão e o gás doméstico, e assim evitar uma explosão social em um país onde 40% da população sobrevive com dois dólares ou menos por dia. Dificuldades de abastecimento de gasolina em janeiro provocaram uma verdadeira avalanche de pessoas aos postos, em meio a rumores de escassez e alta dos preços.

Promessas em vão – Após adiar por diversas vezes, o país decidiu dirigir-se para o FMI para solicitar um empréstimo de 3,2 bilhões de dólares e outros tantos ao Banco Mundial. O ministro das Finanças, Momtaz Said, avaliou na sexta-feira em 11 bilhões de dólares em dois anos as necessidades para sustentar as reformas.

O primeiro-ministro, Kamal Al Ganzuri, por sua vez, já reconheceu que os bilhões em ajuda prometidos pelas monarquias petrolíferas do Golfo são apenas miragens. Muitos egípcios temem também que a generosidade dos europeus seja transformada em proveito.

O presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick, disse temer tensões em torno da ajuda internacional ao Egito, cujas “reservas possuem níveis baixos” e onde as exigências de transparência e democratização têm sido ignoradas. “As pessoas têm pedido um sistema conveniente e houve a destituição de (Hosni) Moubarak, mas continuamos vendo a participação dos militares que formavam parte do antigo regime”, disse.

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(Com agência France-Presse)

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