Grã-Bretanha: visita do papa é marcada por gafe de cardeal
É a primeira visita de um pontífice ao país em 28 anos
“Quando alguém pousa no aeroporto de Heathrow, tem a impressão de ter pousado em um país de terceiro mundo”, disse Walter Kasper, um dos assessores da Santa Sé
A visita histórica do papa à Grã-Bretanha foi quase ofuscada pela gafe de um de seus assessores, ainda em solo italiano. “Quando alguém pousa no aeroporto de Heathrow, tem a impressão de ter pousado em um país de terceiro mundo”, disse o cardeal Walter Kasper em entrevista à revista alemã Focus. “Na Inglaterra, se propaga um neoateísmo agressivo”, completou ele, que não seguiu viagem com a comitiva.
O Vaticano, que está focado em aproximar católicos e anglicanos no país, apressou-se em minimizar as infelizes declarações de Kasper. “As opiniões do cardeal não implicam intenção negativa ou de desprezo com a Grã-Bretanha”, destacou o porta-voz da Santa Sé, padre Federico Lombardi. A Igreja disse ainda que ele pedirá desculpas “por qualquer comentário desmedido que tenha feito” e que se referiu à Grã-Bretanha como um país de terceiro mundo apenas como uma alusão a sua população multicultural.
Amenizado o problema, Bento XVI, que foi recepcionado na manhã desta quinta-feira pelo príncipe Philip, seguiu para seu primeiro compromisso do dia: um encontro com a Rainha Elizabeth II, no Palácio de Holyroodhouse em Edimburgo, onde haverá um desfile e uma missa ao ar livre que será acompanhada por dezenas de milhares de pessoas.
Abusos sexuais – Em uma de suas primeiras declarações ao chegar, o papa falou que as revelações de inúmeros casos de pedofilia na Igreja “foram um duro golpe para ele” e admitiu que a instituição “não foi suficientemente vigilante”. Ele reiterou que as vítimas recebrão suporte “material, psicológico e espiritual” para superar os traumas e para que elas possam proteger outras crianças no futuro.
Estes escândalos motivaram ameaças de protestos contra o pontífice, assim como tradicionais posições da Igreja contra o aborto e os homossexuais. Mas até o momento, nenhum incidente foi noticiado. Informado sobre possíveis manifestações, Bento XVI disse, ainda durante o voo, que a Grã-Bretanha tem “uma grande história de anti-catolicismo”, mas também “uma grande história de tolerância”.
A visita de quatro dias de Bento XVI à Grã-Bretanha é a primeira com status de compromisso de estado, já que o convite partiu diretamente da rainha – e não da Igreja. Desde 1982, com João Paulo II, um pontífice não ia ao país.